O cultivo do morango é uma das engrenagens da economia de Atibaia, principal produtor da fruta no estado de São Paulo. E foi no caminho da fruta que Sebastião Silvério escreveu sua história. As mãos calejadas contrastam com a delicadeza da fruta, de onde tira o sustento.
Foram 18 anos trabalhando na colheita com a família para passar de boia-fria a dono da própria plantação. Hoje ele é um dos maiores produtores da cidade, com produção de 1,5 tonelada ao ano e empregador de 30 pessoas no cultivo da fruta.
O agricultor saiu do Paraná na década de 1980 com os seis irmãos para trabalhar na lavoura em Atibaia, depois de uma temporada de dificuldades. Parou de estudar no 4º ano primário para tirar da terra o sustento. De domingo a domingo na plantação, criou os quatro filhos com a renda da agricultura.
Sebastião conta que o primeiro sonho que a lavoura deu foi uma bicicleta, usada como meio de transporte da família por anos. Na época, quando percorria quilômetros com os filhos e compras sob duas rodas, fazia planos de um outro sonho distante: conhecer a São Paulo da televisão. Hoje, a viagem à capital paulista faz parte da rotina com as entregas na Ceagesp.
“Coisas que hoje são pequenas, eram sonhos quase impossíveis naquela época”.
Sebastião passou 18 anos na produção juntando tudo o que podia para investir na sua própria terra e tirar a esposa, que já tinha problemas de saúde, da lavoura.
Aos 50 anos, conta nos pés de morango as conquistas que vão desde a bicicleta com que sonhou toda a infância e conseguiu depois do plantio, até a primeira viagem de avião com a esposa para conhecerem o Chile.
“É uma planta que eu peguei amor porque o morango mudou a história da minha vida e da minha família. Quando eu olho para quem eu era e de onde eu saí, nem acredito que estou aqui vendo meus filhos na faculdade. Eu me considero uma pessoa vencedora”.
Dez anos depois do começo de percalços, mantém o maior cultivo da fruta base da economia da cidade – segundo a associação de produtores de morango de Atibaia – e emprega outras 30 pessoas, todos de famílias locais.
A bicicleta que sonhava e que fazia transporte dos insumos no começo do sonho foi aposentada e hoje o meio de transporte é o caminhão. O morango que sai de sua plantação é entregue na capital, toda a região do Vale do Paraíba e Bragantina, além de Campinas.
Fonte: G1.globo.com