Ao menos quatro Policiais Militares envolvidos na prisão do dirigente do Partido dos Trabalhadores em Atibaia (SP) Geovani Doratioto, de 29 anos, foram afastados pela corporação nesta segunda-feira (4). A informação foi confirmada pelo ouvidor das polícias do Estado de São Paulo, Benedito Mariano, e pela Secretaria de Segurança Pública.
“Se confirmar que ele teve o braço quebrado pela ação do policial, só isso já caracteriza um excesso. Nós vamos procurar entender qual foi a motivação da prisão. Quando há agressão, é importante ouvir a pessoa para saber o que motivou isso”, disse Mariano.

Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública, os policiais ficarão afastados de suas funções até a conclusão do Inquérito Policial Militar instaurado para apurar a conduta dos mesmos. O caso veio a público após circular pelas redes sociais um vídeo que mostra o dirigente do PT sendo rendido.
Braço quebrado durante prisão
Doratioto diz ter sido agredido por PMs após confusão em uma festa de carnaval na noite de domingo (3). Segundo o dirigente do PT, ele teve o braço quebrado por um policial, quando já estava na delegacia de Atibaia, ao resistir à prisão. O delegado que atendeu a ocorrência nega que policiais tenham causado a fratura e que houve motivação política.
Em entrevista ao G1, Doratioto, que é secretário de organização do PT de Atibaia e advogado, disse que foi vítima de perseguição política e de truculência dos policiais. Ele afirma que a confusão começou após ser atacado por um grupo de foliões enquanto fazia uma campanha com um grupo do PT para conscientizar as pessoas sobre assédio contra a mulher.
“Ouvimos uma série de ofensas de um grupo que se mostrou descontente por eu estar com a camiseta escrito ‘Lula Livre’. Quando iríamos para a segunda parte da nossa divulgação, tive um pequeno bate boca com um rapaz, que me deu um soco no olho. Nesse momento houve uma confusão”, afirma.
O advogado afirma que foi orientado a ir até a Santa Casa e lá foi novamente ofendido. No local, ele alega que tentou se identificar para policiais e foi detido por guardas civis e policiais militares.
“Nem cheguei a ser atendido na Santa Casa. Foram duas algemas e me jogaram dentro do camburão. Bati a cabeça dentro da viatura. Estava doendo demais e eu estava pedindo para que tirassem as algemas”, disse.
Por causa da confusão, ele foi conduzido para a delegacia e, segundo a Polícia Civil, desacatou uma escrivã e policiais militares. Ele resistiu à ordem de prisão e os policiais militares o imobilizaram, momento em que, segundo Doratioto, o braço dele é fraturado.
“Foi quando um policial me deu uma gravata e outro puxou meu braço para trás e faz o movimento com intuito de quebrar meu braço. Quebrei o úmero e fiquei com parte de movimentos da mão esquerda temporariamente limitados”, afirmou.
Para ele, a ação foi motivada por perseguição política e da violência policial. Doratioto foi convidado a comparecer na Ouvidoria na quarta-feira para um termo de declaração, em que poderá detalhar a ocorrência.
Polícia nega acusação
Segundo o delegado Elton Costa, que registrou a ocorrência, a prisão do advogado aconteceu por causa da confusão e do desacato aos policiais. “Não teve nenhuma motivação política. Ele estava alcoolizado causando problemas”, disse.
O delegado destaca ainda que Doratioto estava muito alterado e tentava brigar com as pessoas no hospital, inclusive desacatando os policiais que atendiam a ocorrência. Na delegacia, o advogado ainda teria feito ameaças a uma escrivã.
Costa ainda afirmou que não considera ter havido erro na abordagem dos policiais militares. “Considero que foi a força necessária para repelir a ação dele. Se ele tivesse cumprido a ordem, nada disso teria acontecido. Ele foi levado para delegacia por tudo que ele fez antes. Os policiais não agiram de forma errônea. Ele estava afrontando policias, causando problemas desde a Santa Casa, estava mais de hora sendo advertido, orientado a fazer e seguiu causando problemas”, afirmou.
A Polícia Civil registrou boletins de ocorrência contra Doratioto por desacato, resistência à ordem de prisão, lesão corporal e injúria. Ele foi liberado após pagar fiança de R$ 1000.
Por nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Militar instaurou um inquérito para apurar a conduta dos agentes envolvidos na ocorrência.
PT
Após o vídeo viralizar nas redes sociais com a confusão na delegacia de Atibaia, o PT emitiu uma nota em que exige providência dos fatos.
“Comportamento inadmissível e que exige das autoridades competentes da Secretaria de Segurança Pública e da Corregedoria da polícia providências imediatas para quê não tenha em seus quadros servidores como este”.
O partido ainda manifestou solidariedade ao advogado e cobrou punição ao policial.
Fonte: G1.globo.com