Uma escola de Jarinu (SP) ganhou um prêmio do Governo do Estado com uma iniciativa na qual os alunos ajudam uns aos outros durante a pandemia da Covid-19.
A ação surgiu após alguns estudantes apresentarem dificuldades com relação à tecnologia. A partir daí, a direção da Escola Orlando Zambotto decidiu escolher um “aluno tutor” para cada turma.
Conforme o professor Nilmar Gabriel Gonçalves, cerca de 40% dos alunos da escola estadual têm dificuldade de acesso à internet, seja pela distância ou por não terem celular e computador.
“Os tutores são alunos da sala que têm alguma facilidade melhor com tecnologia, até mesmo alguma aptidão para liderança. Os alunos acabaram se destacando nesse ponto e ajudando muito os professores”, diz.
Michelle Dutra largou os estudos cedo, pois se casou aos 16 anos e foi proibida pelo ex-marido de ir para a escola. Agora, 15 anos depois, ela se matriculou na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e retomou os estudos.
Sem internet e com um celular que não é compatível, Michelle ficou preocupada com o conteúdo das aulas, mas recebeu ajuda da tutora da sala dela, Renata Magalhães.
“Já pensei tantas vezes em desistir pelas coisas que aconteciam, as dificuldades que eu passava. Às vezes, ela me ligava, me ditava as coisas, e a gente ia falando no telefone e eu ia escrevendo, porque eu não tinha como baixar os PDFs. É uma honra participar disso, estudar lá e chegar até aqui. Isso é muito importante”, afirma.
Renata foi escolhida pela equipe pedagógica para ser a tutora da turma e, mesmo com os compromissos do dia a dia, decidiu ajudar os colegas que tinham dificuldade em acompanhar as aulas na casa.
“Eu fiquei muitos anos sem estudar, 27 anos, e eu sempre quis voltar. Fui encontrando o caminho para ajudar cada aluno, cada colega meu. Ajudei de coração e fico muito feliz por isso”, diz.
Sabrina Pereira Ignácio, de 11 anos, é uma das estudantes da escola. Ela enviou um áudio para a professora contando que precisou subir até o topo de um morro para conseguir receber o conteúdo.
Dos 1,1 mil alunos da instituição, 800 moram na zona rural como ela e alguns ficam a até 12 quilômetros da escola.
Com toda essa mobilização para ajudar os estudantes, a unidade ganhou o primeiro lugar no prêmio “Gestão Escolar 2020”. O concurso é promovido pelo Governo do Estado a cada dois anos para valorizar boas práticas na condução do ensino.
Neste ano, recebeu o prêmio a escola que conseguiu achar a melhor forma de manter o processo de aprendizagem em meio à pandemia de coronavírus, como afirma a diretora da unidade, Camila Leme Oliveira.
“Nós conseguimos hoje alcançar 100% de busca ativa. Então, todos os nossos alunos estão no processo de ensino, aprendizagem, estão tendo as aulas, estão conseguindo fazer e entregar os trabalhos. Estão tendo acesso a educação, que é o principal. O nosso objetivo é não deixar ninguém para trás”, explica.
Fonte: G1.globo.com