Com o verão chegando e as ondas de calor tornando-se cada vez mais frequentes e, aparentemente, mais intensas (atire a primeira pedra quem não reclamou nenhuma vez nesses dias de calor intenso!), praticar exercícios físicos fica cada vez mais desafiador. A prática de atividades físicas em condições de calor provoca estresses termorregulatórios e outros estresses fisiológicos que podem prejudicar o rendimento físico. Ao nos exercitarmos no calor, ocorre um aumento no fluxo sanguíneo da pele e na taxa de sudorese de forma a permitir uma melhor dissipação do calor. Assim sendo, estes ajustes fisiológicos termorregulatórios podem levar à desidratação, especialmente durante exercícios de longa duração.
O exercício em condições quentes produz alterações cardiovasculares, pulmonares, na função cerebral e no metabolismo muscular, que podem contribuir para a ocorrência precoce e mais intensa da fadiga, afetando a capacidade de manter a produção de potência durante o exercício.
Durante o exercício de alta intensidade praticado no calor, a redução do volume sistólico (volume de sangue ejetado a cada batida do coração) e do volume débito cardíaco (volume sistólico multiplicado pela frequência cardíaca), desencadeada pela perda de líquido pela sudorese (desidratação) que torna-se ainda mais intensa, limita o fornecimento de oxigênio aos músculos em exercício. A fadiga periférica aparecerá à medida que o metabolismo aeróbico se torna inadequado para manter a produção de energia.
Já no caso da prática de exercícios de moderada intensidade no calor, o aumento da frequência cardíaca pode ser capaz de compensar a diminuição do volume sistólico e a captação de oxigênio pelos músculos pode não ser afetada, ajudando a retardar a ocorrência de fadiga periférica.
No entanto, independente da intensidade do exercício, as alterações fisiológicas induzidas pela hipertermia (aumento da temperatura corporal) por si só influenciam de forma importante a fadiga. E é por isso que sempre devemos ter grande preocupação em manter uma hidratação adequada para evitar o “combo” desidratação+hipertermia.
Além disso, quando se pratica exercícios em ambientes quentes, ocorre um aumento na utilização de glicogênio e na concentração de lactato muscular, com uma diminuição na utilização intramuscular de triglicerídeos, o que contribui ainda mais para a ocorrência da fadiga.
Como podemos perceber, praticar exercícios no calor requer maiores cuidados, não só para mantermos uma boa performance, mas sobretudo para preservamos nossa saúde. Porém, isso não quer dizer que eles são contraindicados! Lembre-se sempre: exercício é saúde!
4 dicas básicas
Portanto, nos próximos meses, mantenha sua rotina de exercícios, mas tome certas precauções:
- Mantenha uma hidratação adequada, de preferência com bebidas isotônicas (pode ser as do supermercado ou água de coco);
- Nos dias mais quentes, tire o pé do acelerador, diminua a intensidade dos exercícios e opte por exercícios moderados;
- Mantenha uma ingestão adequada de carboidratos; se você pratica exercícios (como seria de se esperar), essa, definitivamente, não é a hora de fazer dieta de restrição de carboidratos;
- Se for se exercitar no sol, não esqueça o protetor solar.
Fonte: EuAtleta