Por apresentar valores acessíveis, poucas barreiras na iniciação e alta oferta nas diversas academias disponíveis em todo o país, a musculação é uma alternativa interessante para quem busca inserir a prática esportiva na rotina, deixar de lado o sedentarismo e buscar emagrecimento ou hipertrofia. Porém, apesar dessas facilidades, é essencial tomar cuidado para evitar problemas. Saiba, nesta reportagem, quais são as principais lesões na musculação e como evitá-las.
“Algumas das principais causas de lesões na musculação são os treinos excessivos, o uso impróprio de técnicas de treinamento ou ainda a combinação de ambos. A falta de condicionamento físico prévio e o excesso de carga nos aparelhos também são questões que devem ser consideradas, e a falta de avaliação médica periódica pode ser um problema no momento da prática da modalidade”, avalia o médico ortopedista Bernardino Santi, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício (SBMEE).
Principais lesões na musculação
Segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2015, as principais lesões que ocorrem com os praticantes de musculação são relacionadas a distensão muscular, tendinopatia, entorses articulares e lesões no joelho e no ombro.
Os educadores físicos Gustavo Mello e Lincoln Cavalcante destacam outras lesões comuns entre os praticantes da modalidade.
Confira a seguir:
Distensão e ruptura do tendão e dos músculos: a distensão muscular ocorre quando o praticante, por falta de mobilidade, na tentativa de executar um movimento com larga amplitude, acaba rompendo parte das fibras musculares, ou até mesmo quando há o excesso de sobrecarga sem uma prévia progressão, explica Lincoln;
Tendinopatia: normalmente as lesões inflamatórias como a tendinopatia são ocasionadas, na maioria dos casos, por excesso de peso e de repetição sem o devido repouso após o treino, segundo Gustavo;
Lesões no joelho e no ombro: por serem articulações que sofrem muito no treinamento de força devido à dependência delas para a execução ou simplesmente para a estabilização de uma articulação para gerar um determinado movimento, joelhos e ombros acabam se tornando alvos comuns de diversas lesões. São articulações também muito exigidas em outras atividades e, com a soma da rotina diária de treino, acaba sobrecarregando e gerando lesão”, aponta Lincoln;
Entorses articulares: patologias como entorses são, na maioria, ocasionadas por má execução ou má postura durante as execuções dos exercícios, conforme Gustavo. É essencial seguir o plano prescrito por profissional, seguir corretamente o padrão de movimento e respeitar os limites do corpo;
Lombalgia: a coluna vertebral é destaque entre as pessoas com problemas e dores, e isso se dá por diversos motivos. Por isso, a lombalgia (dor lombar) é muito comum e ocorre por diversos fatores, como uma pisada errada, causando desnivelamento de quadril e afetando diretamente a coluna, ou por compressão direta com o uso da musculação. Neste caso, o padrão de movimento (ou seja, realizar o movimento corretamente) é essencial para evitar problemas no treino de musculação, destaca Lincoln.
O médico ortopedista Renan Bosio ressalta que as lesões podem ocorrer tanto de maneira “imediata” após a ocorrência de algum erro, quanto de maneira crônica, após diversas sessões com acúmulo de erros nos treinamentos.
“Tendinopatias e algumas lesões de joelhos e ombros (osteoartrite) possuem característica crônica, indicando que o praticante pode estar realizando o exercício de maneira inadequada há algum tempo. Já a distensão muscular, entorse articular e outras lesões de joelhos e ombros (como ruptura de ligamentos, meniscos e tendíneas) possuem característica aguda, ou seja, pode ocorrer no momento exato de uma execução de movimento de modo errado ou excesso de carga além da suportada” , explica o especialista.
“São comuns em alguns praticantes que eventualmente não se alongam ou aquecem adequadamente, não realizam repouso adequado, não suprem a necessidade de nutrientes demandados pelo corpo ou executam uma atividade com movimento errado ou com excesso de carga além da suportada”.
Há um fator importante a ser destacado, salientado pelos profissionais: não há aparelhos ou exercícios culpados por lesões. Erros de movimentação, excesso de carga e abuso de repetições podem acontecer em qualquer etapa dos treinos de musculação, do iniciante ao avançado.
Por isso, é fundamental estar sempre atento à execução do exercício realizado, tirando dúvidas com o professor ou treinador do local e realizando acompanhamento periódico com médicos e educadores físicos, visando a constante adequação do plano de treino.
Como evitar lesões na musculação
Independentemente da causa, cuidados simples são fundamentais para evitar a ocorrência de lesões na musculação e garantir maior qualidade para os praticantes desta modalidade.
Confira as dicas:
- Respeite os seus limites! Quando se inicia o treinamento de força, é preciso tempo para que os músculos se tornem fortes o suficiente para aumentar a carga. Por isso, não exagere nos pesos utilizados;
- O mesmo cuidado deve ser rotina para o praticante avançado da musculação. Depois de um período de férias, esteja atento ao retorno. Tentar levantar a mesma carga que levantava antes das férias pode gerar lesões;
- Uma progressão contínua se faz necessária com o padrão perfeito de movimento. Evite o excesso no volume de treinamento, não há necessidade de ultrapassar uma hora de treino de força, mas é essencial cuidar da execução correta dos movimentos de cada exercício;
- Realize alongamento e aquecimento com baixa carga. Essa é uma excelente maneira de prevenir lesões;
- Não se esqueça do repouso. É essencial que o grupo muscular treinado descanse por 48 a 72 horas após os treinamentos de musculação;
- Alimente-se de maneira adequada para não apresentar déficit em nutrientes, principalmente fonte proteica, no organismo para o reparo celular pós-treino;
- Hidrate-se muito bem antes, durante e depois dos exercícios.
Fontes:
Bernardino Santi é médico ortopedista, especializado em traumatologia e medicina do esporte, médico da Confederação Brasileira de Boxe, vice-presidente da comissão médica da World Boxing e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício (SBMEE). Com participação em cinco Olimpíadas e cinco Jogos Pan-Americanos, é também coordenador da Câmara Técnica de Medicina do Esporte do Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo e criador do canal Música, Medicina e Esporte.
Fonte: EuAtleta