Durante a pandemia de Covid-19, que vive uma nova alta de casos com a chegada da variante ômicron, o home office é a opção possível de grande parte das empresas para manter o seu funcionamento sem arriscar a saúde dos funcionários. E mesmo em períodos de reabertura, como o vivido no segundo semestre de 2021, muitos profissionais seguiram nesse esquema de trabalho, ao menos parcialmente, mostrando forte tendência de permanência no futuro. Para quem leva uma vida fitness e regrada de treinos, esta forma de trabalho acaba afetando negativamente a rotina, com o aumento da carga horária e dificuldade no desligamento das atividades na transição trabalho-casa, o que gera uma sensação de cobrança, ansiedade e cansaço físico e mental.
A psicóloga Renata de Azevedo aponta que o home office pode afetar a performance dos treinos por diversos fatores. A sensação de isolamento e paralisia é uma delas. Quando se está em movimento de casa para o trabalho, já se inclui na rotina a parada na academia ou a ginástica em casa antes ou depois do trabalho. A falta de horários definidos também não ajuda, assim como estar em local não preparado para a realização de exercícios. O resultado é menos menos proatividade, além do aumento da frustração e do cansaço por conta da baixa atividade física.
A forma de amenizar esse processo, de acordo com ela, seria criar uma nova rotina adaptada, que inclui o controle dos horários diários, para que haja o desejo de interação social e vontade para realizar os exercícios. A nova rotina também é necessária para não desencadear outros problemas de saúde mental.
O personal trainer Lincoln Cavalcante concorda que as pessoas perdem o ânimo para treinar em casa, mesmo tendo a estrutura e aparelhos para realizar as atividades, por estarem na zona de conforto. Ele ainda aponta os principais malefícios físicos do home office:
- Dores articulares agudas e crônicas por má postura, afinal em casa ninguém vigia o comportamento e postura;
- Dor na coluna nas três regiões: lombar, torácica e cervical;
- Mais sedentarismo: diferente do ritmo normal de trabalho em escritório, onde as pessoas se movimentam mais;
- Menos interação com amigos e colegas de trabalho, o que leva à falta de motivação para estar bem fisicamente.
8 dicas para não cair no sedentarismo durante o home office
Para evitar esses prejuízos, os profissionais recomendam:
- Criar uma rotina diária que inclua:
Caminhadas e alongamentos pela casa;
Horário certo para começar e para parar de trabalhar;
Hora de deitar e hora de acordar (com pelo menos 7 horas de sono);
Hora de almoçar, lanchar e jantar, sempre longe do computador. E nada de beliscar!;
Momento de realizar exercícios;
Momento de lazer. - Estar por dentro das aulas de treinos online;
- Evitar ficar sentado por mais de uma hora (dar intervalos de pelo menos cinco minutos);
- Alongar-se pelo menos duas vezes ao dia;
- Beber bastante água: mantenha uma garrafinha cheia ao seu lado, na mesa;
- Se possível, sair de casa para treinar em locais com poucas pessoas ou ao ar livre;
- Pegar 15 minutos de sol por dia, mesmo que seja pela janela, para manter a vitamina D em dia. Afinal, baixos níveis de vitamina D podem afetar a força muscular e pode prejudicar a síntese proteica;
- Ter atenção ao equilíbrio entre carboidratos, que dão energia, proteínas, fundamentais para a recuperação muscular, e micronutrientes como vitaminas e sais minerais, e apostar mais na comida caseira do que na industrializada.
Sono, alimentação e sugestão de exercícios simples:
Dois dos pilares mais importantes na rotina são o sono e a alimentação, e eles interferem diretamente neste processo. A ansiedade libera o hormônio cortisol (hormônio do estresse) na corrente sanguínea, o que atrapalha hormônios de quebra de gordura a serem captados pelos receptores. Logo, quem não dorme corretamente tende a ter mais sobrepeso e a sentir mais fadiga durante o dia, seja a fadiga central (sistema nervoso central) ou a periférica (muscular), segundo o personal.
“Muitas pessoas levantam na madrugada pra resolver trabalho, quando na verdade deveriam estar descansando. Isso acarreta em um desequilíbrio hormonal muito severo”, diz Lincoln.
Outro hormônio do sono muito importante é o do crescimento. E se a alimentação não estiver adequada, ele também pode deixar de ser produzido, por ser concorrente da insulina. Um nutricionista pode ajudar a indicar o melhor caminho.
“Um fator interessante que acontece na nossa alimentação é que no home office não temos horários certos para se alimentar. Isso acaba aumentando de forma exagerada o nosso consumo calórico, levando também ao sobrepeso”, completa Lincoln, reiterando que precisamos de uma rotina e que beliscar entre as refeições não é uma boa medida.
Ele aproveita para lembrar que existem alguns exercícios fáceis para serem realizados em casa para evitar a perda de ritmo. Mas a orientação de um profissional de educação física, mesmo que de forma remota, é sempre indicada. Seguem as dicas:
- Pular corda;
- Polichinelos;
- Abdominais;
- Corrida parado;
- Flexão de braços;
- Saltos verticais.
Fontes:
Renata de Azevedo é psicóloga (UFRJ), especialista em terapia de casal (UFRJ) e em ciências da performance humana (UFRJ) e CEO da Clínica de Psicologia Dra Renata de Azevedo.
Lincoln Cavalcante é personal trainer e está presente no mercado Fitness e Wellness há 15 anos. Criador do método TOP10Rounds, com mais de 25 anos de experiência em artes marciais, o preparador físico é faixa preta de kickboxing e grau preto no Muay Thai. Além disso, ficou entre os 10 profissionais de educação física mais requisitados do Brasil em 2016 pela GQ Magazine e em 2017 pela Revista Glamour.
Fonte: EuAtleta