Para reduzir o risco de lesões durante a corrida, é necessário considerar diversos fatores. É como montar um quebra-cabeça com várias peças, sendo elas biomecânica, músculos e mobilidade, capacidade e demanda e comportamento. Vamos entender cada peça?
A primeira peça é a BIOMECÂNICA, ou seja, a forma como o corpo se move
Se você pensa que correr de maneira inadequada inclui pés ou joelhos tortos, está equivocado: é importante lembrar que muitos corredores não possuem uma postura perfeita. O problema real está em não absorver corretamente o impacto.
Durante a corrida, nosso corpo enfrenta um impacto de até três vezes o nosso peso corporal a cada passada: imagine que, se você pesa 50 quilos, precisa lidar com 150 quilos de impacto a cada passo. Nosso corpo foi projetado para agir como uma mola, como um amortecedor de carro mesmo, dobrando-se nos pontos certos para minimizar o impacto com o solo. No entanto, devido à falta de força, mobilidade ou até mesmo técnica, algumas pessoas não conseguem amortecer adequadamente o impacto, aumentando assim o risco de lesões. Identificar isso pode envolver técnicas simples, como verificar se você não está batendo os pés muito fortemente no chão.
A segunda peça envolve MÚSCULOS E MOBILIDADE das articulações
É crucial possuir força e amplitude de movimento normais, sem restrições nas atividades diárias. Para isso, é recomendado o fortalecimento muscular, e o melhor tipo de fortalecimento é aquele que se encaixa na sua rotina e que você gosta. Não adianta recomendar algo como “faça Leg Press na academia” se você raramente vai ou não gosta do ambiente. Em vez disso, é mais eficaz realizar exercícios em casa com pesos leves ou elásticos. Escolha o que é mais compatível com suas preferências, seja pilates, crossfit ou qualquer outra modalidade.
A terceira peça é o equilíbrio entre CAPACIDADE E DEMANDA, ou seja, como você treina e descansa
Muitas vezes, as lesões ocorrem quando se aumenta a intensidade do treinamento rapidamente. Por exemplo, você estava acostumado a correr 5 km e de repente decide fazer 10 km apenas porque um amigo sugeriu. Embora você possa ter fôlego para isso, seus tendões não estão prontos para lidar com o dobro do que estavam acostumados. É importante seguir um plano de treinamento progressivo e não fazer aumentos bruscos.
A última peça do quebra-cabeça é COMPORTAMENTO
Muitas vezes, as pessoas atribuem dores a fatores errados, como culpar o tênis, quando, na verdade, pode ser resultado de estresse, privação de sono ou comportamentos depressivos. Elementos comportamentais podem influenciar no nível de dor, especialmente em casos de dor crônica. Por isso, além da análise biomecânica, considero importante também fazer uma avaliação comportamental, já que muitas vezes o problema não é físico, mas sim relacionado a comportamentos ou treinamento inadequado.
Portanto, se você está enfrentando um período estressante em sua vida, lembre-se de que seu corpo é o mesmo corpo que trabalha, cuida da família e corre. Tudo está interligado. Se uma área estiver sobrecarregada, a outra precisará ajustar-se para evitar lesões. A prevenção engloba todos esses aspectos.
Até a próxima! E me procura no @raquelcastanharo.
Fonte: EuAtleta