Veja as principais lesões no futebol e como evitá-las

Lesões mais comuns podem ser musculares, entorses, ligamentares e fraturas.

O futebol é um esporte que exige muito da fisiologia humana e, por isso, pode causar uma variedade de lesões, seja as causadas por quedas e contatos ou as não traumáticas. Conheça as principais lesões no futebol, por que ocorrem e como evitá-las.

É necessário estar com preparo físico em dia para jogar e ter uma rotina de hábitos saudáveis, como treinamento adequado, boa alimentação e sono de qualidade, para praticar futebol em segurança, desempenhar bem e minimizar os riscos de lesões.

(Imagem Ilustrativa de Edoardo Busti por Unsplash)

“O futebol é um esporte complexo do ponto de vista fisiológico e requer muito dos atletas, que são exigidos em diferentes esferas, como capacidades técnico-táticas, mentais e físicas, chegando por vezes, a valores que podem ser submáximos para alguma variável dentro do universo dessas capacidades”, contextualiza o fisiologista e cientista do esporte Gabriel Gazone.

“Isso faz com que o desgaste físico de uma partida de futebol tenha um grande impacto sobre a homeostase do organismo. Já há bem estabelecido na literatura científica artigos que demonstram que os impactos de uma única partida de futebol sobre o organismo de um atleta podem perdurar por até 7 ou mais dias”.

“Quando a gente pensa em uma lesão no futebol, a gente pensa tanto nos fatores internos, quanto nos fatores externos. E às vezes os externos são difíceis da gente controlar. Não existe o que fazer nestes casos, mas há como deixar o atleta melhor preparado para esses tipos de impacto. E isso vai além de prevenir a lesão na parte médica, na fisioterapia, mas sempre contempla um trabalho interdisciplinar” pontua a médica do esporte Catarina Garcia, coordenadora do futebol feminino do Clube de Regatas Flamengo.

Principais lesões no futebol

Musculares

Lesões musculares ocorrem principalmente nos grupamentos de membros inferiores. As principais são o estiramento, também conhecidas como distensões, quando há uma ruptura das fibras e rompimento de núcleos da musculatura.

Segundo especialistas, a magnitude do estresse sofrido pelas áreas atingidas pode intensificar ou não o problema.

É considerado o mecanismo de lesão que mais ocorre no futebol, principalmente na região do semimembranoso, localizado na coxa e que compõe o grupo extensor do quadril, além do bíceps femoral e dos isquiotibiais, responsáveis pela flexão do joelho.

“Os atletas muitas vezes são expostos a valores máximos e/ou submáximos para velocidade máxima, distancia total percorrida numa partida, e outras diversas variáveis que demonstram tamanho impacto sobre o tecido muscular. Muitos dos atletas podem sofrer também uma sobrecarga de treinamento e às vezes podem se machucar por isso. Encontrar um nível ótimo de treinamento é extremamente importante por isso, garantindo que não seja pouco e nem em excesso, mas adequado para que o corpo se adapte e alcance bom desempenho”, comenta o fisiologista.

Entorses

Comuns em ligamentos de articulações como o tornozelo, ombros e joelhos, as entorses afetam os ligamentos e ocorrem principalmente devido aos movimentos bruscos, que fazem parte dos esportes de contato. Na maior parte dos casos, o problema acontece quando o atleta pisa em áreas irregulares e muda a direção, como nos exemplos em que o pé vira para dentro.

Ligamentares

Lesões ligamentares atingem as estruturas do corpo que têm a função de “conectar” um osso ao outro, garantindo uma estabilização entre eles.

Quando ocorrem essas rupturas, que podem ser completas, sem instabilidade ou com instabilidade detectável, mas com a continuidade das fibras, podem ocorrer inchaço e desconforto alto, exigindo repouso, fisioterapia e ações para o controle da dor.

São comuns nos joelhos, como LCA (lesão do ligamento colateral anterior) ou LCM (lesão do ligamento colateral medial) e lesão de menisco.

“A lesão do LCA, que é o ligamento cruzado anterior, é a coisa que a gente mais se preocupa, pelo tempo que você fica esperando e pelo tempo de reabilitação”, destaca Carina.

Fratura

Fraturas atingem diretamente os ossos, podendo ser atreladas a quedas, a sobrecarga e até após contusões, quando ocorrem pancadas de grande impacto.

No futebol, costumam ser comuns nos membros inferiores, como tornozelo, tíbia, joelho e pés. Em muitos casos, por precisarem de intervenções cirúrgicas, exigem afastamento por maior tempo do atleta e, consequentemente, trabalho complementar de acompanhamento e recuperação.

Prevenção e como evitar

Os especialistas destacam que não existe uma receita pronta para evitar esses problemas, que são comuns na rotina do futebol, mas podem ser detectados de forma preventiva, caso exista trabalho integrado multidisciplinar.

“Fisiologicamente é um esporte muito complexo e que exige demais do ser humano. É importante a gente entender que o futebol vai machucar, e os preparadores e os jogadores devem saber a importância de se mitigar a lesão, de investigar tudo que está ocorrendo para se possibilitar uma lesão que o afaste por menos tempo”, analisa o cientista do esporte.

“A gente não consegue ter um atleta performando se ele não está dormindo bem e não se alimenta adequadamente. Quando a gente fala em esporte, não se fala em individualidade. É necessário pensar em performance, e esses pilares são muito importantes de funcionarem todos juntos”, acrescenta a médica do esporte.

Fontes:

Catarina Garcia é ortopedista e médica do esporte. Membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), trabalha como coordenadora do Departamento Médico do futebol feminino do Clube de Regatas do Flamengo e médica da Seleção Brasileira Feminina Sub-20.

Gabriel Gazone é bacharel em Educação Física e possui especializações nas áreas de Ciências da Performance Humana, Futebol e Ciência de Dados. Com experiência nas áreas de Fisiologia Endócrina, Anatomia e Metodologia do Treinamento Desportivo, desenvolve pesquisas em Fisiologia do Exercício aplicada ao futebol. Fisiologista com passagens por clubes como Fluminense, Atlético-MG, Santos e Flamengo, é cientista do esporte da Catapult Sports Inc. no Brasil e professor convidado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Fonte: EuAtleta