O yoga pode ajudar a controlar a pressão alta e os batimentos cardíacos, colaborando para a saúde do sistema cardiovascular, pois reduz o estresse e equilibra o sistema nervoso.
Um estudo realizado em 2022 pela Sociedade Cardiovascular Canadense constatou que o yoga teve bons resultados em estabilizar a pressão arterial e os batimentos cardíacos em pacientes hipertensos. Isso porque a prática regular de yoga combina movimentos e técnicas capazes de reduzir o estresse e promover o equilíbrio do sistema nervoso.
O estudo submeteu 60 pessoas de diferentes idades a um treinamento de três meses, que combinava 30 minutos de exercício aeróbico com 15 minutos de yoga, realizados cinco vezes por semana. Como resultado, em pacientes com hipertensão, o yoga associado ao exercício resultou em melhoria na pressão arterial (de 13 por 7 para 11 por 6) e na frequência cardíaca (que passou de 130 para 119 batimentos, em média).
Como o yoga influencia no sistema cardiorrespiratório
O sistema respiratório estimula o sistema nervoso, tanto o simpático quanto o parassimpático.
O sistema simpático é ativador, que deixa o corpo em alerta e utiliza mais energia. Já o sistema parassimpático é o oposto. Ele atua nas situações de perigo, “acalmando” os órgãos e promovendo “relaxamento”. Os dois sistemas possuem conexões nervosas com vários tecidos e órgãos, como o coração e o pulmão.
“No coração, o sistema parassimpático atua desacelerando, diminuindo o número de batimentos por minuto e dando força de contração”, explica a fisioterapeuta cardiorrespiratória Cristiane Nardi.
No yoga, pratica-se uma respiração controlada, coordenando os atos de inspiração e expiração, enchimento e esvaziamento. Quando essa respiração é colocada em prática, a função simpática (ativadora) diminui e a função parassimpática (relaxante) se sobrepõe e é estimulada.
No pulmão, a respiração controlada aumenta a capacidade de enchimento pulmonar. E, ao melhorar a capacidade inspiratória, recrutam-se mais alvéolos (pequenas bolsas do pulmão, que oxigenam o sangue que chega nele), o que favorece a troca gasosa e, consequentemente, aumenta o teor de oxigênio no sangue, resultando em dilatação dos vasos. É justamente essa dilatação a responsável por baixar a pressão arterial.
“No sistema cardiovascular, além do coração, existem os vasos sanguíneos. Quando você promove um maior relaxamento das artérias, favorece a dilatação e diminui a resistência interna, o que reduz a pressão arterial. Porque a pressão arterial depende de fluxo sanguíneo, do batimento cardíaco e da resistência imposta pelo vaso”, detalha a especialista.
O relaxamento é importante para manter a pressão arterial estabilizada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que o nível fique na casa dos 12 por 8.
“Quando a pressão está alta, que é considerado acima de 14 por 9, as chances são maiores de infarto agudo do miocárdio, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e danos a longo prazo de outros órgãos, como rins, fígado, cérebro e próprio coração”, alerta o cardiologista Heron Rached.
Posturas de Yoga para pressão alta
O professor de yoga e massoterapeuta Hideo Muraoka ensina 3 posturas que ajudam a prevenir e tratar a pressão alta:
Viparita Karani
- Sente-se a cerca de 7 centímetros de uma parede vazia;
- Deite-se de costas e balance as pernas para cima, de modo que a parte posterior da coxa encoste na parede;
- Descanse todas as costas, ou seja, a coluna vertebral no chão, e relaxe os braços ao corpo;
- Mantenha a posição por 10 minutos ou o máximo que puder, e depois puxe lentamente a perna de volta à posição inicial.
Benefícios:
“Essa postura permite a drenagem linfática, uniformiza a circulação sanguínea e libera a pressão nas costas e no quadril. Não só ajuda a aliviar o estresse, mas também desintoxica o sistema e, ao manter o fluxo sanguíneo sob controle, ajuda a controlar e reduzir a pressão alta”, explica o professor.
Adho Mukha Svanasana
- Fique de quatro, com os joelhos afastados na largura dos quadris e as mãos na largura dos ombros;
- Levante lentamente os quadris do chão e estique os cotovelos e joelhos. Certifique-se de que seu corpo forma um ‘V’ invertido;
- Pressione as mãos no chão e estique o pescoço de forma que as orelhas toquem a parte interna dos braços e você volte o olhar para o umbigo;
- Mantenha esta posição por cinco a oito respirações e depois retorne à posição original.
Benefícios:
“A postura do cachorro voltado para baixo é uma das mais eficazes para controlar a pressão alta. Ela não apenas alonga a coluna e os ombros, mas também libera o estresse retido, reduz a pressão alta e promove a circulação sanguínea geral. Praticá-la regularmente também melhora o funcionamento cardíaco”, explica o professor.
Sethubandhasana (postura da ponte)
- Deite de costas e dobre os joelhos e os cotovelos;
- Coloque os pés apoiados no chão, perto dos quadris;
- Enquanto apoia as mãos e as pernas no chão, tente lentamente levantar o corpo no ar;
- Mantenha essa postura arqueada por 20 a 30 segundos, e, depois, lentamente coloque o corpo em pé.
Benefícios:
“Esta é uma postura extremamente benéfica não só para aliviar a dor artrítica, mas também para fortalecer os músculos das pernas, coxas e costas. Ao elevar o coração a um nível superior ao da cabeça, facilita a circulação sanguínea até nos locais mais difíceis e fora de alcance. Ela também libera canais bloqueados e reduz efetivamente a pressão arterial”, sugere.
Tratamento de pressão alta
Yoga é uma prática saudável em um plano de tratamento. Hipertensão é uma doença multifatorial, ou seja, pode ter diferentes causas, ligadas a genética, alimentação, sedentarismo, outras enfermidades e fatores ambientais.
Por isso, só o yoga pode não ser suficiente para controlar a pressão alta.
“O yoga pode ser uma terapia complementar e não substitui tratamentos e medicamentos recomendados por um profissional de saúde”, adverte o professor.
Se você tem hipertensão ou outros problemas cardíacos, consulte o médico para obter orientações e tratamento adequados conforme a sua necessidade.
Fontes:
Hideo Muraoka é massoterapeuta, professor de yoga e CEO da Muraoka Massoterapia.
Cristiane Nardi é fisioterapeuta pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), professora de fisioterapia da Faculdade Anhanguera de Campinas, especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória e mestre em Gerontologia.
Heron Rached é cardiologista e doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP).
Fonte: EuAtleta