Normalmente, quando pensamos em medidas para barrar as mudanças climáticas em curso, grandes movimentos globais vêm à nossa mente, como a união de países em acordos para estabelecimento de metas de redução de emissão gases de efeito estufa e até mesmo mudanças estruturais no nosso modo de produzir e consumir. Mas o caminho para que mudemos esse cenário pode estar mais próximo do que imaginamos.
Uma pesquisa conduzida pela organização World-Transforming Technologies (WTT) demonstrou que a diversidade dentro das equipes de cientistas dedicados a encontrar soluções para os problemas do Clima é fundamental.
A ideia de que a diversidade pode ser um fator determinante para cuidarmos melhor do planeta é tão boa que foi uma das finalistas e ficou classificada em segundo lugar na categoria “Diversidade – aspectos gerais e desafios para o desenvolvimento” do Prêmio ABDE-BID 2021. Realizado anualmente pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com o apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB), a premiação, em suas sete edições anteriores, já tinha mobilizado em torno de 300 trabalhos sobre diversas temáticas importantes.
Prêmio ABDE-BID
O objetivo do Prêmio ABDE-BID é de impulsionar a reflexão e a produção de projetos que contribuam de forma efetiva para o desenvolvimento sustentável. Este ano, a premiação contou com as tradicionais categorias: “Desenvolvimento em Debate” e “Sistema OCB: Desenvolvimento e Cooperativismo de Crédito”; e com uma nova categoria: “Diversidade: aspectos gerais e desafios para o desenvolvimento”.
Os artigos foram avaliados por uma Comissão Julgadora independente. O primeiro colocado em cada uma das categorias recebeu R$ 8 mil e o segundo, R$ 4 mil.
O Guia Metodológico “Formação de equipes extraordinárias para missões de desenvolvimento tecnológico”, lançado em abril deste ano, ficou em segundo lugar na nova categoria e foi desenvolvido pelo Cedeplar/UFMG em parceria com o COI/WTT. A publicação oferece um direcionamento para a formação de melhores equipes em missões tecnológicas, um conjunto de 26 indicadores que permitem mapear pesquisadoras e pesquisadores conforme as dimensões de interesse.
O advento da pandemia confirmou o que já se sabia: a relevância da ciência para resolver os problemas da humanidade. Com a rápida criação de vacinas contra a COVID-19 em meio a pandemia, os cientistas mostraram sua importância e os motivos pelos quais precisam de apoio e incentivo. No que se refere às mudanças climáticas também não é diferente. É ela que tem condições de reunir ferramentas e soluções para mitigar os efeitos das mudanças em curso, que geram perdas de vidas humanas e estragos econômicos.
Que diversidade é essa?
Segundo a publicação da WTT, há dezenas de estudos que evidenciam uma relação direta entre maior diversidade nas equipes científicas e melhores resultados. Quanto mais diferentes em gênero, raça, idade e classe social forem os integrantes de uma equipe, mais divergências de percepção, análise e resultado completo os pesquisadores terão sobre um mesmo objeto – no caso, o clima.
A realidade brasileira em termos de oportunidades para a diversidade, no entanto, não é animadora. O Brasil está parado no tempo e precisa correr atrás do prejuízo. A necessidade de inclusão de grupos minoritários, como negros, mulheres e povos originários vem sendo imposta aos gestores brasileiros por atores externos há bastante tempo — financiadores, parceiros estratégicos ou matrizes empresariais com metas ESG. A falta de promoção da diversidade na ciência brasileira é uma das mais alarmantes.
O caminho para uma ciência nacional diversificada e forte começa pelo reconhecimento de que a construção do conhecimento científico só é possível se for quebrada qualquer barreira prática ou legal ao recrutamento, progressão e permanência de grupos minoritários na carreira científica. O trabalho é longo, mas os resultados podem determinar o futuro do clima do planeta.
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Fonte: Climatempo