É reconfortante saber que aquele frasco plástico de shampoo que você acabou de usar é reciclável e pode se transformar em uma embalagem novinha, não é mesmo? É por isso que os fabricantes fazem questão de imprimir o famoso símbolo da reciclagem no rótulo, aumentando as chances de que um produto seja adquirido.
O que os fabricantes não imprimem no rótulo é o percentual real de embalagens que realmente são recicladas. As estimativas sobre isso variam no Brasil.
A mais otimista, realizada pelos próprios fabricantes de plástico no país, indica que foi de 24% em 2019, último ano com dados consolidados, mas vem crescendo.
Já no relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) esse índice de reciclagem é de 1,2%. Segundo a organização, o Brasil é o quarto maior produtor de plástico do mundo e um dos que menos recicla, atrás de Iêmen e Síria.
Muitos fatores contribuem para que o plástico seja um material de difícil reciclagem. Em parte, o problema é causado pela ausência de coleta seletiva e política de reciclagem na maioria dos municípios do país. Mas não é só isso. Em todo o mundo, a reciclagem de materiais plásticos é problemática.
Reciclagem cara
A única solução ambiental disponível hoje para lidar com materiais plásticos de difícil reciclagem é evitar sua compra. Nesse grupo, o isopor é destaque. Embora o isopor seja reciclável, o custo desse processo faz com que a reciclagem desse material seja praticamente inexistente em todo o mundo.
Caixas de leite, de creme de leite, de suco e etc também são materiais de difícil reciclagem. Isso porque elas misturam materiais diferentes – papelão recoberto por uma fina camada de plástico e revestido de alumínio.
Para separar o papel do plástico e do metal e reciclar os três, é necessário maquinário específico e mão-de-obra treinada. Para se ter uma ideia, em todo o país, há apenas 20 usinas capacitadas para fazer esse tipo de reciclagem, segundo a associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE).
Aquele plástico fininho usado nas embalagens de salgadinho e biscoitos também não costuma ser reciclado, tanto pela dificuldade técnica como pelo baixo valor final dessa matéria-prima após a reciclagem.
Mais plástico
Como os fabricantes continuam fazendo plástico virgem – como é chamado o plástico novinho em folha – o plástico reciclável não consegue competir para ser a matéria-prima principal dos produtos que compramos. E essa realidade pode piorar.
O plástico comum presente na maior parte dos produtos é derivado do petróleo. As metas climáticas para frear o aquecimento global dependem de um consumo cada vez menor de combustível fóssil, com os carros elétricos substituindo pouco a pouco a frota dos veículos à combustão.
Esse fator aliado à adoção de hábitos mais sustentáveis, deixará as petroleiras sem ter o que fazer com o petróleo que extrai. A única aposta delas para sobreviver é aumentar a fabricação de plástico – o que automaticamente desestimula a reciclagem.
Livre de plástico
O poder público precisa criar políticas para restringir a produção de plástico virgem e para estimular o uso do plástico reciclável como matéria-prima industrial.
O que fazer até lá?
Abandone o uso de produtos de plástico de uso único, como pazinhas de sorvete, canudos e cotonetes. Já há opções de papel e madeira para esses itens disponíveis no mercado.
Dê preferência a produtos livres de plástico, como shampoos e condicionadores em barra, quentinhas de metal ou de papel, bebidas em garrafas retornáveis e latinhas.
Troque a bandejinha de isopor da carne no mercado pelo produto solicitado na hora ao açougueiro, que usará menos plástico no pacote.
Leve sua sacola de tecido sempre com você. Isso evita que você traga para casa aquelas sacolas de papel revestidas de plástico muito comuns em lojas de roupas e de sapatos – elas também são difíceis de reciclar.
Fonte: Oclimaquequeremos