Dobby é um pastor alemão de 14 anos que, além de ser muito amado pelo dono, Matt Kaeberlein, é objeto de estudo do tutor. Kaeberlein é codiretor do Dog Aging Project, um ambicioso projeto das universidades Texas A&M e Washington, que acompanha o declínio físico de dezenas de milhares de totós nos EUA. A missão: retardar ou reverter esse processo para que os pets vivam mais e melhor.
Cerca de 40 mil cães participam do estudo e em 8.500 será realizado o sequenciamento do seu genoma. Depois de se inscreverem no projeto, seus donos fornecem, anualmente, um detalhado histórico médico do animal. A ideia é beneficiar os melhores amigos do homem e ver o que também serve para os humanos, explica Kate Creevy, chefe da equipe de veterinários.
Grupos menores estão sendo estudados com foco em distúrbios específicos: 200 cachorros apresentam um tipo de demência conhecida como disfunção cognitiva canina. O objetivo é descobrir que bichos têm maior risco de desenvolver a doença e produzir drogas para preveni-la ou tratá-la. Estão sendo mapeados os fatores para garantir o melhor estilo de vida canino: dietas, exercício e até a criação e o apuro de raças.
O Dog Aging está testando substâncias com potencial para combater o envelhecimento e a rapamicina, que já se mostrou eficaz em moscas, vermes e camundongos, será uma delas. Utilizada como imunossupressor, contra o processo de rejeição de órgãos em transplantes, ela atua numa proteína chamada mTOR, que controla o crescimento celular e o metabolismo – e age sobre o acúmulo de resíduos e de células defeituosas que cresce com o tempo. Depois de testes considerados satisfatórios em 17 cães, uma nova fase se inicia com 580: vai durar um ano e metade deles receberá placebo.
Há diversos grupos de trabalho com propósito semelhante. A empresa de biotecnologia Loyal quer oferecer o serviço de alguns anos extras de vida para os animais e tem duas drogas em fase de teste. A primeira é um implante para raças de maior porte, que vivem menos; a segunda, uma pílula de funcionamento similar à rapamicina. Andrei Gudkov, professor de oncologia no Centro Roswell Park, em Buffalo, é fundador da Vaika, que já adotou mais de cem cães de trenó aposentados, todos entre oito e dez anos. O time de Gudkov os monitora e estuda os estragos acumulados em seu DNA, além de buscar um medicamento que neutralize o quadro. Sua teoria é de que parte desse estrago venha de fragmentos de vírus antigos que foram incorporados em nosso DNA e que são mantidos inativos até o envelhecimento. Turbinar a longevidade canina serviria como aprendizado para fazer o mesmo com seres humanos.
Fonte: Bem Estar