Companheiros divertidos e amorosos, os animais de estimação também podem contribuir para o desenvolvimento psicomotor e emocional das crianças. Ao g1, uma psicóloga destacou os benefícios da amizade entre os pequenos e os pets.
Aos seis anos de idade, a família de Fernando Hiroshi adotou um gato. Apelidado de Sushi, o “bichano”, foi um dos companheiros mais presentes durante a infância do jovem.
“O Sushi sempre foi o gato da casa. Era rotina acordar cedo e colocar ração pra ele desde que eu me conheço por gente. Ganhamos ele da minha vizinha quando os gatos dela deram cria”, lembra Hiroshi, hoje com 20 anos.
Dentre muitos benefícios ao desenvolvimento, a psicóloga Mariana Harumi, especialista em saúde mental de crianças e adolescentes, enfatiza que os animais de estimação podem ensinar valores de responsabilidade aos filhos, já que eles são companheiros que não possuem capacidade de verbalizar suas necessidades básicas, como fome, sede e questões higiênicas.
“Muitas famílias têm dificuldade em compreender o quanto um animal pode ser terapêutico e ajudar no desenvolvimento emocional e biológico de uma criança”, comenta a profissional.
Durante 14 anos, Sushi foi membro da família Hiroshi, que vive em Itapetininga (SP). Em 2022 o gato morreu, mas deixou seu legado.
A psicóloga explica que a amizade entre crianças e pets podem auxiliar os filhos a desenvolverem questões inerentes à humanidade, pois, ao se relacionar com um animal, os pequenos têm maiores chances de desenvolverem empatia, carinho e comunicação não verbal.
“Auxilia a perceber a constância e a continuidade da vida. Às vezes, a criança observa até o nascimento, reprodução e o fim [da vida]”, explica Mariana.
Apesar de doloroso, o fim do ciclo da vida de um animal traz ensinamentos para as crianças, segundo Mariana.
“O animalzinho tem uma vida mais curta, tem nascimento, desenvolvimento todo este companheirismo que se colhe, mas ele envelhece e morre. São eventos naturais da vida e trazem tristeza, mas a gente precisa entrar em contato e enfrentar isso também”.
Desenvolvimento psicomotor
A psicóloga também ressalta que bichinhos de estimação podem ajudar no desenvolvimento psicomotor de uma criança.
“Toda criança aprende por imitação. Quando um animal vai fazendo movimentos com agilidade, se desloca (…) a criança, primeiro, vai querer ir atrás para seguir e, segundo, ela faz questão de imitar também. Quanto maior a quantidade de estímulos (…) melhor será este desenvolvimento”, explica Mariana.
Individualidade da criança
Mariana Harumi alerta que é necessário respeitar a individualidade de cada criança caso ela não tenha desejo, goste ou queira exercer carinho e afeto com algum animal.
“Quando a família é muito contra, ela vai se estressar demais com sujeira, com pelo, com cheiro e isso pode ser um transtorno familiar. Neste caso, é recomendado que se arrumem outras alternativas, é importante ouvir e respeitar o funcionamento de cada família”, explica a profissional.
No geral, a psicóloga explica que em todas as idades os pets agem como um antiestresse, eles nos ajudam a relaxar, acalmar, se sentir amado, e a poder dar amor, segundo ela, não existe uma contra indicação com relação a idade no aspecto emocional. No geral, a psicóloga explica que em todas as idades os pets agem como um antiestresse, eles nos ajudam a relaxar, acalmar, se sentir amado, e a poder dar amor, segundo ela, não existe uma contra indicação com relação a idade no aspecto emocional.
Saúde e harmonia
O veterinário Rafael Faria relata que para ter um bichinho sem trazer riscos à saúde da criança, é importante que ele seja bem cuidado, tome vacinas de acordo com a necessidade anual, seja vermifugado e tenha boa higiene.
“O contato com animais de estimação desde a infância traz muitos benefícios à saúde da criança, tanto no sentido das alergias, do suporte emocional, da interação, do respeito, digo isso além da experiência como veterinário, também a de pai e que cria os filhos com acesso aos bichinhos desde recém nascidos” conta Rafael.
Conforme o veterinário, pode acontecer de crianças machucarem os pets, assim como serem machucadas por eles numa brincadeira por exemplo, por esta razão é tão importante que os pais estejam presentes e supervisionando as interações.
“Ir ensinando os limites do animal, o respeito, tem coisas que o pet não gosta, então não deve fazer, com o tempo eles vão aprendendo a se respeitarem e a convivência vai ficando cada vez mais tranquila e harmoniosa”, explica o profissional.
Rafael também ressalta que algumas raças têm mais procura para conviverem com crianças, mas mesmo as raças com fama de “agressivas, podem conviver muito bem com elas, o que não é adequado é deixar uma criança em contato com um animal que não conhece.
“Até mesmo animais com algum tipo de desvio comportamental, pode ser trabalhado com acompanhamento de profissionais especializados em comportamento animal, adestramento se for o caso”, finaliza o veterinário.
Fonte: G1.globo.com