Assim como os humanos, gatos e cachorros também estão sujeitos a disfunções e patologias que comprometem o funcionamento pleno do sistema respiratório, e o cenário que vivemos no inverno pode impulsionar seu desenvolvimento.
Um quadro de alergia respiratória pode evoluir para uma sinusite crônica, como foi o caso do gato siamês Hemingway, de 16 anos. Sua tutora, Monica Mariano, 41, especialista em educação do Senai, explica que ele era jovem quando teve a primeira crise alérgica. “Foi quando ganhei um buquê do meu irmão e ele começou a espirrar, ficar com falta de ar e vomitar. Levei para a veterinária e era uma reação à flor.”
Desde então, o siamês passou a apresentar reações alérgicas com certa frequência, que exigiam visitas ao médico veterinário e cuidados em casa, como mudança nos produtos de limpeza. “O cheirinho de casa limpa, às vezes, irrita os gatos. Eles não gostam de perfumes fortes, e boa parte desenvolve alergia ao cheiro dos produtos de limpeza, então eu uso detergente neutro e álcool”, afirma Monica.
Porém, foi só há cerca de cinco anos que o gato teve a sinusite diagnosticada. Segundo a tutora, ele estava com o nariz congestionado, fazia um som, parecido com um ronco, ao respirar, e espirrava bastante. “O espirro de um gato nunca é imperceptível, eles mexem corpo e fazem o barulho, é um negócio escandaloso. De tempos em tempos, ele tinha uma crise, mas, com o avançar da idade, foi ficando mais frágil, e o quadro foi evoluindo até ter a sinusite crônica.”
Hoje, Hemingway, que recebeu esse nome em homenagem a um escritor norte-americano apaixonado por gatos, faz uso de medicamentos diariamente e tem um umidificador em casa para amenizar a secura do inverno brasiliense. Além disso, Monica conta que também já fez tratamentos com nebulização – com auxílio da caixa de transporte, que impedia o felino de sair do local – e pingou gotas de soro fisiológico nas narinas do animal para auxiliar na respiração.
Entre as dicas para a época do inverno, ela inclui ter a companhia do pet enquanto toma banho. “Eles sentem essa secura nasal, então é bom levá-los na caminha para o banheiro na hora do banho. O vapor e a umidade funcionam para nós e para eles, dá uma limpada e ajuda muito a respirar. Também temos que reforçar as cobertinhas. Existem, inclusive, aqueles cobertores que ligam na tomada e aquecem. É importante ter cantos quentes na casa para eles. E o mais importante é ficarmos atentos, porque é comum gatos terem alergias. Se o nariz começar a escorrer ou a tampar, leve ao veterinário na hora para entrar com medicamento”, alerta Monica.
Raças mais propensas
A médica veterinária Selma Thamires Ferreira, da Clin Pet Águas Claras, afirma que as patologias que afetam o sistema respiratório são comuns não só em gatos, mas, também, em cachorros, principalmente os braquicefálicos — condição caracterizada pelo crânio largo em relação ao seu comprimento —, como shih-tzu, pug, buldogue inglês e francês, boston terrier, cavalier, bozer e gatinhos persa. Elas, também, acometem com frequência animais imunossuprimidos, com doenças crônicas, e gatos que têm o vírus da leucemia felina ou da imunodeficiência felina.
A profissional afirma que, neste período mais frio, recebe diversos animais com traqueobronquite, como foi o caso do paciente Luck. “Sua tutora o levou à clínica assim que começaram os sintomas. Após a avaliação e os exames necessários, foi diagnosticada uma bronquite avançada, e o animal precisou se submeter a 15 dias de tratamento com medicações prescritas. Pedi, ainda, que os passeios não fossem realizados nos períodos mais frios do dia, no início da manhã e à noite. Depois de duas semanas de cuidados e realização de novos exames, Luck restabeleceu suas funções normais.”
Os felinos com de rinotraqueíte crônica também podem ter os sintomas agravados durante a estação, que é o ambiente perfeito para transporte do vírus ou da bactéria. “Devido ao tempo seco, a dispersão de partículas é dificultada, deixando-as suspensas no ar por mais tempo. Outro fator é que a resistência imunológica dos animais pode está reduzida neste período, principalmente, pelo ressecamento das vias aéreas, reduzindo a barreira nasal natural”, explica Selma.
Prevenção
Existem tratamentos para essas e outras patologias ligadas ao sistema respiratório dos bichos. A depender do diagnóstico, o uso de remédios, como xaropes, colírios, antibióticos e até antivirais, pode ser recomendado. Em quadros mais graves, é necessária a internação para administração de medicamentos e oxigenioterapia. O prognóstico depende do estágio da doença. Quanto mais rápido o animal for encaminhado ao veterinário, maior a chance do tratamento ser efetivo.
Segundo a veterinária, hoje, temos vacinas para prevenir a maioria dessas patologias, tanto nos cães quanto nos gatos, porém, o mais importante para evitar qualquer doença é manter o animal com a imunidade ativa. “Para isso, é necessário o acompanhamento preventivo com médico veterinário, realizando checape periódico, manter uma alimentação saudável e verificar se o animal está ingerindo a quantidade recomendada de água diariamente.”
Os primeiros sintomas de patologias respiratórias costumam ser:
- Tosse
- Espirro
- Secreção nasal e ocular
- Comportamento letárgico
- Redução do apetite
- Emagrecimento
Independentemente da estação do ano, doenças respiratórias podem atingir animais aparentemente saudáveis e evoluir para quadros mais graves. Por isso, é importante não subestimar os sinais do seu pet e procurar o auxílio veterinário o quanto antes para melhor prognóstico.
Fonte: Correio Brasiliense (leia a matéria completa)