Uma criança de 10 anos ficou ferida após ser atingida por uma linha com cerol na tarde do último domingo (24), em Bragança Paulista (SP).
Em entrevista ao g1, a mãe do garoto, Thamirys Padovani, relatou que a família estava passando de carro por um local, no Jardim Águas Claras, onde estava havendo um festival de pipas, quando a criança resolveu olhar as pipas e foi atingida.
“Aquele monte de pipa no alto, crianças, foi coisa de segundos. Ele estava com a janela do carro aberta, colocou a cabeça para fora do carro para poder olhar para o alto. No que ele colocou a cabeça para fora, ele já entrou com a cabeça para dentro de novo falando: ‘Ai! Me cortou! Me cortou!’”, contou a mãe.
Segundo ela, a família estava com o carro em velocidade reduzida porque um motociclista estava com o rosto cheio de sangue. A linha que atingiu o menino chegou a pegar no pescoço, mas a criança colocou a mão na frente, o que resultou em cortes profundos em dois dedos.
“A primeira coisa que a gente olhou foi o pescoço, porque já estava bem vermelhinho. Aí que eu reparei que na verdade que tinha cortado era a mão dele e falei: ‘Mas como assim?’ Ele falou: ‘Bateu no meu pescoço, eu coloquei a mão e eu senti que enroscou na minha mão’. Aí na hora eu já vi que tinha cortado bem fundo a mãozinha dele”, disse.
Com a criança ensanguentada, a mãe se dirigiu a uma UPA mais próxima na cidade e o menino foi levado para a sala de sutura. Em um dos dedos, ele levou seis pontos, enquanto no outro foram quatro. O corte no pescoço não precisou de sutura.
A mãe contou que a preocupação principal era a saúde do filho e que, por isso, não registrou boletim de ocorrência. Após o relato, porém, ela disse que várias pessoas contaram que também já sofreram com linhas cortantes.
“Apareceu um monte de gente falando que também cortou o pescoço, um motoqueiro que enroscou a linha no capacete, a outra que acabou cortando o capô do carro dela, a linha. É crime o uso de cerol, cortante e tudo mais”, disse.
Ela também cobrou uma maior fiscalização nos festivais e disse que as pessoas têm que ter responsabilidade ao soltar pipas.
“Todo final de semana tem isso. Eu não sou contra as pessoas soltarem pipa, só que com responsabilidade, porque do mesmo jeito que não foi certo ele ter colocado a cabeça para fora, passa pessoa a pé, ali tem um tráfego intenso, até de pessoas montadas a cavalo, tem animais, tem motoqueiro. A própria prefeitura, que deveria fiscalizar, não faz nada”, desabafou.
Criminalização
Em fevereiro deste ano, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que torna crime o uso de cerol em pipas. A proposta também cria regras para a prática de pipa desportiva com o uso de cerol e seguiu para o Senado.
O projeto também estabelece, no Estatuto da Criança e do Adolescente, que os pais e responsáveis devem se responsabilizar pelo menor que pratique o uso da linha de cerol e sustâncias cortantes.
Em casos mais graves do uso indevido de linhas cortantes, a penalidade foi equiparada ao do homicídio culposo, com previsão de um a três anos de detenção.
Fonte: G1.globo.com