O sorriso largo e o amor pelos livros são as lembranças que a dona Lena, como era conhecida, deixou para a neta. A moradora de Jarinu (SP), de 84 anos, morreu por Covid-19 e contaminou outras quatro pessoas em casa sem saber como foi infectada.
A família da paciente Marilena Siqueira Guimarães acredita que o vírus possa ter sido repassado a ela entre os tratamentos que fazia contra uma trombose na perna para o controle da diabetes.
A neta Bruna Guimarães contou ao G1, ainda emocionada com a perda na noite de quarta-feira (6), que a avó era levada constantemente ao médico por conta da idade e não houve suspeita de coronavírus, no início.
“Tratamos com inalação e quando a tosse veio muito forte nós a levamos ao hospital. Quando entrou no hospital, foi logo entubada”, lembra.
Na casa de dona Lena também moram o marido, de 85 anos, um filho e uma filha. Duas enfermeiras também frequentam a casa para ajudar nos cuidados diários, principalmente do avô de Bruna, que é acamado.
“A minha avó foi a primeira contaminada. Ela passou para o meu vô, que está internado, para minha tia e uma cuidadora”, conta. O único que permanece internado até esta quarta-feira (12) é o marido da idosa, Moacir Guimarães.
‘Arrancava sorrisos’
Dona Lena era uma pessoa sorridente e de alto astral, segundo a neta. Na cidade, ela trabalhou na biblioteca e estimulou a família toda a ler.
Com uma carreira dedicada a indicar histórias, a idosa era uma pessoa sentimental, afirma a neta, e que se emocionava em momentos simples, como a chegada de parentes na casa.
“Era chorona. Moro em Jundiaí e quando me via chegar ela já chorava. Era uma graça. Todo mundo gostava dela. Por onde passava, ela arrancava sorrisos. Sempre foi uma mãe protetora e avó maravilhosa”, descreve Bruna.
Os parentes receberam a confirmação de Covid-19 quando a paciente ainda estava internada. Com a saúde enfraquecida por outras doenças, a pneumonia severa causada pela infecção foi inevitável.
“Tenho amigos que estavam fazendo festas e churrascos em casa. Quando aconteceu isso, alguns mandaram mensagens que se sentiram culpados. Triste saber que gente tem que morrer para alguém se conscientizar”, afirma a neta. O sepultamento foi feito em Jarinu e com o caixão lacrado, na semana passada.
Fonte: G1.globo.com (Leia a matéria completa)