A morte de 34 cavalos em Jarinu (SP) está sendo investigada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Em todo o estado de São Paulo, 83 estão sob investigação. A suspeita é de que os animais tenham ingerido ração contaminada.

Em 6 de junho, o órgão federal informou que investigava a morte de dezenas de cavalos em propriedades rurais de Itu e Cabreúva (SP). Conforme o Mapa, as mortes ocorreram durante um período de 20 dias.
Segundo o órgão, a Fiscalização Federal Agropecuária investiga nos locais onde foram registrados mortes ou adoecimentos de equinos, com o objetivo de identificar as possíveis causas. Até esta quinta-feira (3), o que os casos têm em comum é o consumo de rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda.
No dia 17 de junho, o Mapa determinou o recolhimento dos produtos destinados a equídeos fabricados pela empresa com data de fabricação a partir de 21 de novembro de 2024.
Em nota, a pasta informou que a empresa está sob investigação, e a comercialização dos produtos foi suspensa por risco à saúde animal. Segundo o órgão, durante as inspeções foram constatadas irregularidades que motivaram a suspensão cautelar da atividade de fabricação de todas as rações da empresa.
A TV TEM procurou a Nutratta, empresa responsável pela fabricação da ração “Forrage Horse”, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Pelas redes sociais, a empresa informou que conduz investigações de campo e que recolheu lotes de rações para equinos fabricados a partir de novembro de 2024, conforme determinação do Ministério da Agricultura e Pecuária.
“O recolhimento é uma medida de precaução e permite uma investigação técnica mais aprofundada, incluindo análises laboratoriais dos lotes suspeitos. A Nutratta tem colaborado integralmente com os trabalhos em andamento perante o Mapa. Nesse sentido, reforçamos a determinação de recolhimento e não comercialização e/ou utilização de rações provenientes desses lotes”, cita o comunicado.
Casos em diversos estados
Um levantamento obtido pelo g1 contabilizou 645 mortes de animais em ao menos seis estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Alagoas).
Conforme o levantamento, o número de mortes seria muito maior do que o informado pelo Mapa. Somente em São Paulo, são 287 mortes em decorrência da intoxicação. Há ainda 368 animais em tratamento e 199 em observação em todo o país.
Os dados foram coletados pela advogada Alessandra Agarussi, que representa o interesse de proprietários de cavalos infectados. Ela reuniu informações compartilhadas até terça-feira (1º) em um grupo no WhatsApp chamado “Vítimas da Nutratta”.
“A ração não poupou ninguém. Levou animal novo, velho, de raça, com registro, sem registro, mestiço, sem valor comercial, de valor acima de R$ 2 milhões. O caso é gravíssimo. A informação é que nunca na história deste país aconteceu uma contaminação desta magnitude”, disse ao g1.
De acordo com a proprietária de uma égua que morreu em Itu (SP), o animal começou a rejeitar ração.
“Ela consumia essa ração no outro estabelecimento que estava em Itu. Quando eu trouxe ela pra cá, ela já não quis mais comer ração. Como ela não quis comer, eu troquei por outra marca, mesmo assim ela não quis. Só comia capim ou volumoso. Começou a ter perda de peso. E 26 dias depois ela começou a apresentar dificuldade para urinar, daí começou a apresentar uma lesão hepática e ficou muito apática”, relatou Márcia Silva de Lima.
Fonte: G1.globo.com