O jogador Renan, que se envolveu em um acidente com a morte de um motociclista em Bragança Paulista, disse que teve de se mudar da cidade após ameaças de morte. A defesa do comunicou à justiça de que ele mudou de endereço depois de receber ameaças em frente ao condomínio onde morava. Renan está em liberdade provisória e precisa avisar a justiça sobre mudanças de endereço e não pode deixar o país.
O aviso à justiça foi feito pela defesa após a concessão de liberdade, dada no último sábado (23). O zagueiro estava preso depois de se envolver em um acidente com a morte de um motociclista em que se recusou a fazer o bafômetro e contou à polícia que havia bebido antes de dirigir. Além da influência de álcool, Renan ainda não era habilitado.
A decisão de liberdade impôs pagamento de fiança de R$ 242 mil e restrições, como não deixar a cidade sem a comunicação à justiça e apreensão do passaporte para que não deixe o país. No processo, a defesa alegou que moradores descobriram o endereço do jogador em Bragança Paulista, onde estava morando para representar o Bragantino, time para o qual estava emprestado.
“Após a concessão de sua liberdade provisória, o Peticionário tomou conhecimento, por familiares, de que nessas últimas 24 (vinte e quatro) horas já recebeu ameaças na portada sua residência, tendo motivos concretos para temer por sua integridade física e de sua família. Inclusive, circulam nas redes sociais comentários ameaçadores e vídeos contendo agressividade”, disseram os advogados de defesa.
Renan segue respondendo ao processo em liberdade e o caso é investigado.
Liberdade provisória
Renan estava detido na cadeia pública de Caçapava onde passou a noite, até a audiência de custódia na manhã de sábado. A defesa apresentou à justiça argumentos de que o jogador é réu primário, não tendo cometido outros crimes, e que estava colaborando com as investigações.
O pedido foi acatado pela justiça que deu permissão para o jogador respondesse ao processo em liberdade. A decisão é provisória, pode ser mudada ao longo do processo, e impõe uma série de regras para que seja mantida. Entre elas, que entregue seu passaporte à Polícia Federal, para que não deixe o pais; e não frequentar bares ou casas noturnas.
“Ante o exposto, concedo a liberdade provisória ao autuado Renan Victor da Silva, mediante recolhimento de fiança, no valor de 200 salários mínimos; além do compromisso de comparecer a todos os atos do processo, quando convocado, mantendo endereço atualizado nos autos; proibição de frequentar bares, prostíbulos e casas de shows; proibição de se ausentar da comarca, sem autorização judicial; e, obrigação de entregar seu passaporte para a polícia federal, no prazo de 72 horas; Tudo sob pena de revogação do benefício”, disse na decisão o juiz Fábio Camargo.
O g1 teve acesso ao contrato do jogador, que recebia R$ 84 mil ao mês. Com isso, a fiança de 200 salários representa, na verdade, três salários do jogador.
Sem habilitação e sob efeito de álcool
Após o acidente, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) esteve no local e constatou no atendimento que o jogador tinha odor de álcool, além de haver uma garrafa de bebida próxima ao veículo. Os agentes pediram que ele fizesse o teste do bafômetro, mas Renan se recusou e foi levado à delegacia.
De acordo com a Polícia Civil, o jogador contou aos policiais que antes do acidente havia passado a madrugada em uma festa em Campinas e confessou ter bebido no local.
Além disso, Renan não tinha habilitação. De acordo com a PRE, ele tinha uma permissão para dirigir, que é feita antes do documento oficial. No entanto, no período em que se está com a permissão, não é permitido cometer infrações, sob pena de perda, o que aconteceu com o jogador.
Com isso, foi indiciado por homicídio culposo – quando não há a intenção de matar – com qualificadora de dirigir sem habilitação e sob efeito de álcool. A pena dos crimes não permite fiança e, assim, foi mantido preso.
O acidente
O acidente aconteceu por volta das 6h30 na rodovia na Rodovia Alkindar Monteiro Junqueira. De acordo com a polícia, Renan seguia no carro quando invadiu a pista contrária e atingiu o motociclista. A vítima, Eliezer Pena, 38 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Eliezer era casado e pai de duas filhas pequenas. Ele havia começado no novo trabalho na semana passada. Nas redes sociais, amigos e familiares lamentaram a morte dele.
Fonte: G1.globo.com