Postagens em redes sociais compartilharam conteúdo enganoso a respeito de uma pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Esses sites distorceram o teor e dados do estudo, fazendo uma falsa relação entre a presença do coronavírus no ar e a necessidade de adotar medidas de isolamento social.
De forma enganosa, as postagens sugerem que a pesquisa comprovaria que o confinamento torna pessoas vulneráveis à COVID-19, algo que o estudo não afirma em nenhum momento. A pesquisa citada foi tema de notícia publicada pelo Jornal da USP na quinta-feira (13) com o título: “Presença comprovada do coronavírus no ar reforça necessidade da boa ventilação de ambientes”.
Os testes foram realizados em ambiente hospitalar, no caso no Hospital das Clínicas da capital, para verificar se o coronavírus pode ficar suspenso no ar quando as pessoas conversam ou expiram – o que pode aumentar os riscos de transmissão da doença. Como se vê, os testes foram realizados em ambiente hospitalar, fechado, diferente do ambiente domiciliar (em que há menos aglomeração, por exemplo).
Os testes constataram a presença do vírus no ar por horas, o que reforça, segundo os responsáveis pelos testes, a necessidade de ambientes fechados fazerem a devida renovação do ar.
“Ou seja, garantir a ventilação adequada pode ser a maior arma na luta contra o coronavírus”, afirmou ao Jornal da USP o engenheiro Arthur Aikawa, CEO da Omni-electronica, startup que desenvolveu a tecnologia usada para monitorar a qualidade do ar. A Omni-electronica é residente na incubadora do Centro de Inovação, Ciência e Tecnologia (Cietec), instituição ligada à USP e ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Artigo científico com os detalhes dos testes feitos no Hospital das Clínicas está em processo de publicação, com previsão de conclusão para este mês.
A pesquisa citada, portanto, em nenhum momento relaciona a presença do vírus suspenso no ar com medidas de isolamento nem tampouco sugere que o confinamento seja prejudicial. Recomendações para sair de casa somente quando necessário têm sido prática corrente em diversos países como uma das formas de evitar a propagação do vírus.
Sites de checagem de informação, como o e-farsas e a Agência Lupa, também desmentiram as postagens. Em nota encaminhada à Agência Lupa, a Omni-electronica esclarece que os testes não tinham por objetivo avaliar o efeito de medidas de distanciamento e/ou isolamento. Esclarece ainda que o objetivo era identificar formas de auxiliar a retomada segura do trabalho presencial em ambientes fechados.
Fonte: Portal do Governo do Estado de São Paulo