Dieta ou reeducação alimentar? Dicas para emagrecer sem efeito sanfona

Nutricionista explica que para manter os quilos perdidos bem longe, mudanças devem ir além da escolha do que comer.

Dieta ou reeducação alimentar: quando o objetivo é perder peso, o que é melhor? Depende. Para emagrecer num curto espaço de tempo, a dieta é a pedida. Se no entanto o que se quer é manter os quilinhos perdidos bem longe a longo prazo, a reeducação alimentar é a melhor opção. Afinal, experimentar dietas da moda, como low carb, cetogênica, do ovo, sirtfood ou da proteína, perder alguns quilos e depois de algum tempo recuperá-los é algo muito comum. Tanto que existe até um termo para definir essa alternância entre emagrecer e engordar: efeito sanfona. Para isso não acontecer, a dieta deve ser seguida por todo um processo de reeducação alimentar. É preciso modificar os hábitos para conquistar um emagrecimento sustentável, que se mantenha com o tempo. E essas mudanças de comportamento devem começar pela alimentação, se estender por outros aspectos da rotina e ser para a vida toda.

Cozinhando alimentos, você tem mais controle sobre os ingredientes usados do que quando compra produtos prontos (Imagem Ilustrativa de Jan Vašek por Pixabay)

Dicas para uma reeducação alimentar

Para um resultado mais efetivo, a nutricionista Thais Campista sugere consultar um profissional da área, que vai te ajudar na elaboração de cardápios e na escolha de receitas. Contudo, algumas orientações são comuns a quem pretende começar um processo de reeducação alimentar e podem ser adotadas por qualquer pessoa que procure uma vida mais saudável, sem o sofrimento de dietas muito restritivas.

  1. Coma mais comida caseira. Ao cozinhar, você controla os ingredientes e dificilmente usará os aditivos presentes em produtos industrializados;
  2. Inclua mais mais frutas, grãos e legumes e suas preparações e compre menos produtos industrializados ultraprocessados, que costumam ser ricos em gorduras e açúcar e pobres em proteínas, fibras, vitaminas e minerais;
  3. Reduza o consumo de açúcar refinado e adoçantes. Reacostume o paladar para apreciar o salgado, o azedo e o amargo;
  4. Beba mais água e menos bebidas adocicadas, como sucos e refrigerantes, para saciar a sede. Pode ser água com ou sem gás ou até as opções saborizadas, pois todas hidratam;
  5. Coma com atenção plena: mastigue devagar, saboreando o alimento;
  6. Comer tem hora certa! Coma em horários regulares, mas respeite os primeiros sinais de fome e pare quando começar a sentir saciedade;
  7. Tenha paciência. Dê uma passo de cada vez e foque no objetivo, não no tempo que vai levar para alcançá-lo. Os resultados na balança não chegarão de uma vez, mas de forma constante e duradoura.

Vale ressaltar que a reeducação alimentar é apenas um dos pilares da conquista de um peso saudável. Alcançar esse objetivo requer a adoção de comportamentos que vão além da atenção àquilo que se come. Campista afirma que é preciso mudar o estilo de vida e sustentar uma rotina saudável que inclua exercícios físicos, noites bem dormidas e equilíbrio entre lazer e trabalho, por exemplo.

  • Pratique atividade física regularmente;
  • Inclua na rotina algo que te dê prazer;
  • Durma pelo menos 7h por dia;
  • Desligue-se! Nada de TV, celulares, tablets e computadores ligados na hora de dormir;
  • Diminua o estresse diário;
  • Programe momentos de lazer e relaxamento.

Mas, afinal, qual é a diferença fundamental entre dieta e reeducação alimentar?

Dieta

De acordo com a nutricionista Thais Campista, na essência, dieta e reeducação alimentar são o mesmo. No entanto, o termo dieta ficou associado a um regime de restrição em que os alimentos são divididos entre os permitidos e os proibidos. Há aquelas que cortam os carboidratos, as que eliminam as gorduras, as que se baseiam no consumo só de proteínas, as que reduzem as calorias consumidas diárias a um ponto de deixar o praticante com fome.

“Dieta vem do grego díaita e significa “modo de viver”, o que difere muito do significado empobrecido que a palavra ganhou nos dias de hoje: restringir a alimentação temporária e drasticamente para perder peso”, observa a nutricionista.

Thais comenta que as dietas, na acepção mais usada hoje em dia, são mesmo difíceis de serem mantidas por muito tempo, já que se baseiam em restrições alimentares radicais, que podem até mesmo levar à insuficiência de nutrientes no organismo. Além disso, as pessoas tendem a abandoná-las ao alcançarem os resultados esperados. Dessa maneira, por serem rotinas de alimentação momentâneas, as dietas geram resultados também temporários. A não ser que sejam seguidas justamente da reeducação alimentar.

“Se após atingir o objetivo retornamos aos hábitos antigos, o nosso corpo também retorna à sua antiga forma. A rotina é o que sustenta qualquer resultado e, nesse contexto, o corpo dá conta de lidar com excessos eventuais. Está tudo bem exagerar em momentos de confraternização, por exemplo. O ser humano comemora com comida e isso também é saúde”, diz.

Há situações em que as dietas são as mais indicadas. É o caso das voltadas para pessoas com alergias ou intolerâncias alimentares ou aquelas recomendadas a portadores de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e insuficiência renal, condições que exigem restrições alimentares. Sem contar com as dietas relacionadas a crenças.

“Há também o caso de pacientes em quadros de descompensação de alguma dessas doenças crônicas ou com risco cardiovascular elevado em pré-operatório, por exemplo, que precisam perder peso rapidamente por risco de morte. Eles também devem seguir uma dieta restritiva calculada por um nutricionista”, acrescenta.

Reeducação alimentar

Segundo Campista, a manutenção de um peso saudável a longo prazo demanda paciência e confiança no processo de mudanças de hábitos. É muito fácil acabar adotando costumes ruins no dia a dia. Quando o objetivo é perder alguns quilinhos, evitar recuperá-los e viver com mais saúde, é preciso iniciar um processo de reeducação.

“Isso significa reavaliar, reorganizar e mudar comportamentos alimentares a fim de aprender como nutrir o corpo com equilíbrio e prazer, respeitando os seus limites e criando uma relação saudável com a comida, sem restrições radicais”, esclarece.

Campista comenta ainda que não é necessário comer cada vez menos para atingir um objetivo ou que todas as pessoas precisem emagrecer. Ela discorda da ideia de que há um padrão a ser seguido. Cada pessoa deve buscar a melhor versão possível do seu corpo.

“Basta comer melhor e fazer as pazes com a comida. Assim, o resultado na balança aparecerá. Você realmente pode comer de tudo, desde que seja em quantidade suficiente e em equilíbrio ao longo do dia. O que não pode é comer tudo todos os dias de uma vez só, por ansiedade, cansaço, irritação, tédio, estresse ou euforia e sem planejamento algum. As pessoas precisam mais de paz com a comida do que de rapidez na perda de peso”, analisa.

É possível notar que a reeducação alimentar é um processo longo. Não dá para esperar resultados imediatos. Para quem está precisando de um empurrãozinho para começar, Campista diz que o primeiro passo é buscar um nutricionista. Para isso, peça indicações a pessoas de confiança. O segundo passo é traçar metas realistas. A nutricionista comenta que, nesse processo, o foco deve ser o objetivo. Não se preocupe com o tempo que vai levar para alcançá-lo.

“Mudar um hábito por vez pode ser mais duradouro do que mudar tudo de uma vez só. Se seu objetivo é emagrecer, de nada adianta querer perder 10 kg em um mês e não dar conta de manter esse resultado e terminar sempre frustrado com o reganho de peso. Se a meta é praticar mais atividade física, comece com duas ou três vezes na semana, em vez de se obrigar a fazer exercícios todos os dias. Caso consiga mais, estará se superando e isso faz toda diferença para a nossa mente”, conclui.

Fonte: G1.globo.com