Efeito Copa do Mundo: taquicardia e falta de ar são sinais de alerta

Sintomas da tensão em um jogo decisivo de Copa do Mundo também incluem palpitações, tremores, sudorese, boca seca e pupilas dilatadas: um médico deve ser procurado caso persistam.

Com o começo das fases eliminatórias da Copa do Mundo 2022, com as oitavas-de-final, a ansiedade sobe e médicos alertam para o efeito “Copa do Mundo” em torcedores mais tensos e empolgados com a competição. Sendo assim, num dia em que a seleção brasileira enfrenta um jogo mata-mata no Catar, é fundamental prestar atenção nas alterações que podem acontecer em nosso corpo para avisar que algo está errado. O corpo fala, dá sinais.

(Imagem Ilustrativa: Matthieu Joannon por Unsplash)

“Quanto maior o envolvimento do torcedor com o time ou a seleção, maior o efeito psicofisiológico de “luta ou fuga” para o corpo, princípio que conhecemos hoje como estresse. A ansiedade e a excitação são alguns dos sintomas relacionados à descarga de adrenalina e cortisol, os hormônios do estresse, que agem na redistribuição do sangue, privilegiando os grandes grupamentos musculares em detrimento de músculos menores e órgãos menos essenciais”, explica o médico Guilherme Costa, diretor técnico do Hospital São Francisco na Providência de Deus, no Rio de Janeiro.

Sintomas

  • Inquietação;
  • Tremores;
  • Extremidades frias;
  • Aceleração dos batimentos cardíacos, palpitações;
  • Dilatação das pupilas;
  • Aumento do suor;
  • Boca seca;
  • Sensação de falta de ar;
  • Aumento dos níveis de açúcar no sangue;
  • Digestão mais lenta;
  • Aumento do risco de infarto.

Pacientes com comorbidades e que se tratam de alguma doença, principalmente cardíaca, devem prestar atenção caso os sintomas se mantiverem por um tempo mais prolongado. Dor no peito em aperto, associada a náuseas, vômitos, sensação de desmaio e falta de ar deve ser prontamente avaliadas no hospital, como alerta a cardiologista Marina da Costa Carvalheira, que atua no Pronto-Atendimento do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP-RJ).

“No momento de ansiedade existe uma ativação intensa de alguns hormônios, como a adrenalina e o cortisol. Esses hormônios são conhecidos também como “hormônios do estresse”. Logo, têm impacto direto no aumento da pressão arterial, taquicardia, sudorese e boca seca. Em um jogo decisivo, o coração é o órgão mais afetado. Assim, sintomas como palpitações, tremores, sudorese, náuseas, sensação de desmaio e até mesmo a falta de ar podem acontecer”, detalha a cardiologista.

Cuidados

Existem estudos que mostram o aumento do número de casos de infarto entre torcedores em dias de jogos decisivos, como aponta o diretor técnico do Hospital São Francisco na Providência de Deus.

Um estudo conduzido pela Universidade de Oxford durante a Copa do Mundo do Brasil em 2014, com torcedores brasileiros, mostrou que os níveis de cortisol dispararam de forma significativa entre o início e o final das partidas, sendo mais elevados nas derrotas. É importante ressaltar que não houve diferença nas concentrações do hormônio entre homens e mulheres.

Portanto, não deixe de se cuidar bem a partir da véspera de um jogo importante. Mantenha a sua rotina de exercícios, durma bem, alimente-se com moderação, tome os medicamentos de uso regular e não abuse do álcool.

A cardiologista lembra ainda que é essencial notar o momento de parar de assistir um pouco a partida para “respirar” e mudar de ambiente.

“Levante-se, beba uma água, reduza o volume da televisão e tente ficar em um ambiente mais tranquilo, para avaliar a melhora dos sintomas”, indica Marina Carvalheira.

Caso os sintomas persistam mesmo com essas medidas, não deixe de buscar atendimento médico, pois havendo realmente algum evento cardiovascular, o fator tempo é decisivo para uma melhor e mais rápida recuperação.

“É difícil nos controlarmos diante das nossas paixões: pacientes jovens e sem comorbidades devem aproveitar o momento e a descarga hormonal. Já os mais idosos, principalmente com comorbidades, devem curtir em ambientes mais calmos, junto aos amigos ou família, com as medicações em dia, sem abusar das comidas e bebidas alcoólicas”, recomenda Guilherme Costa.

Fontes:
Guilherme Costa é diretor técnico do Hospital São Francisco na Providência de Deus, no Rio de Janeiro;
Marina da Costa Carvalheira é médica cardiologista e atua no Pronto-Atendimento do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP-RJ).

Fonte: EuAtleta