A insônia é o distúrbio do sono mais comum e é conhecida por impactar negativamente a saúde geral da população, assim como a qualidade de vida. Devido à dificuldade de tratamento, a condição tem contribuído para uma carga socioeconômica significativa em escala global – muitos portadores relataram diminuição da produtividade e absenteísmo (falta de pontualidade e assiduidade) no trabalho. Além disso, a insônia está se tornando cada vez mais comum, com prevalência de 10% a 15% nos Estados Unidos.
Ao analisar este artigo, vemos que existem vários outros estudos relacionando à insônia ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e metabólicas. Uma das explicações para essa associação está na alteração do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, com níveis mais elevados de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e cortisol em comparação a indivíduos saudáveis.
A elevação do cortisol tem sido associada ao infarto do miocárdio (IM). Considera-se que os indivíduos que sofreram um infarto agudo do miocárdio demonstraram ter níveis mais altos de cortisol no mês anterior ao infarto do miocárdio em comparação com indivíduos saudáveis.
Um experimento realizado em camundongos mostrou que o estresse crônico e o cortisol elevado levaram à aceleração da aterosclerose, que poderia potencialmente levar a um infarto do miocárdio. Os insones (pessoas que possuem insônia) sofrem tanto de estresse crônico quanto de cortisol elevado devido à falta de sono, o que aumenta o risco de desenvolver infarto do miocárdio.
De acordo com os critérios de insônia aceitos pelo DSM-5, a insônia foi significativamente associada a um maior risco de infarto do miocárdio, enquanto o sono não restaurador e o sono diurno produziram uma associação insignificante. A duração do sono também foi importante: pacientes que dormiam 5h ou menos tiveram a maior associação com a incidência de infarto do miocárdio, em comparação com aqueles que dormiam de 7 a 8h.
A duração mais longa do sono (9h ou mais) não foi protetora contra o infarto do miocárdio, muito pelo contrário: pacientes que dormiam 6h tinham menor risco de IAM em comparação aos que dormiam 9h ou mais. A análise de subgrupo da duração do acompanhamento revelou que tanto a duração curta (5 anos ou menos) quanto a longa (mais de 5 anos) foram associadas a um aumento significativo no risco de infarto do miocárdio.
Homens e mulheres insones estavam em maior risco de infarto do miocárdio em comparação com os não insones. Por fim, a presença de insônia, além de uma comorbidade (hipertensão, dislipidemia ou diabetes) foi associada a um maior risco de infarto do miocárdio.
O estudo mostrou que, independentemente da idade, os insones estão associados a um maior risco de infarto do miocárdio. O estudo transversal de Lian et al. reforça esses achados: eles concluíram que a curta duração do sono está associada a um maior risco de infarto do miocárdio em pacientes abaixo ou acima dos 65 anos. A idade avançada geralmente está associada a um maior risco de IM.
Logo, a insônia tem sido significativamente associada a um aumento da incidência de infarto do miocárdio. Por isso, a insônia deve ser integrada às diretrizes sobre a prevenção primária de doenças cardiovasculares e ser devidamente tratada.
E vale ressaltar sempre a importância da higiene do sono, um conjunto de práticas para preparar o seu organismo para a hora de dormir. Algumas dicas são:
- Evite ouvir músicas agitadas;
- Não olhe o celular, que emite luz azul;
- Tente manter a calma e relaxar, evitando perturbações.
Fonte: EuAtleta