Um novo sintoma de Covid longa foi revelado por cientistas da Universidade de Leeds. Um homem de 33 anos apresentou histórico de 6 meses de uma rápida descoloração roxa das pernas ao ficar em pé. Além disso, o paciente apresentava formigamento, sentia as pernas pesadas e, ocasionalmente, também apareciam petéquias em seus pés (pequenos pontos vermelhos no corpo, causados por uma pequena hemorragia de vasos sanguíneos). Os sintomas diminuíam quando o paciente se deitava.
Definida pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos como uma gama de problemas de saúde novos, recorrentes ou contínuos, que as pessoas podem experimentar quatro ou mais semanas após o início da infecção por SARS-CoV-2, a covid longa já tem mais de 200 sintomas conhecidos. As pernas roxas se inserem como mais um deles.
O distúrbio é conhecido como acrocianose ou descoloração azul ou cianótica persistente e extrema. Geralmente ocorre nas mãos e nos pés, mas também pode aparecer no nariz e nas orelhas. É uma doença arterial periférica funcional, geralmente não grave, que causa uma descoloração azulada.
“Este foi um caso notável de acrocianose em um paciente que não havia apresentado o sintoma antes de sua infecção por Covid-19”, disse Manoj Sivan, consultor de medicina de reabilitação da Universidade de Leeds e coautor da publicação científica, ao jornal britânico Metro.
O médico cardiologista Mateus Freitas Teixeira explica que a acrocianose é uma condição vascular indolor, também conhecida como fenômeno de Raynaud.
“É uma vasculopatia, que mostra mais uma vez o caráter vascular da covid, que afeta o endotélio, tecido dos vasos. É por isso que a covid causa infartos e trombos também. Mas a acrocianose em si não é sintoma nem fator de risco para nenhum dos dois”, comenta Mateus.
O paciente estudado tem ainda um histórico de 12 meses de exaustão pós-esforço, dor muscular, distúrbios do sono, dificuldades visuais, disfunção sexual e nevoeiro cerebral, além de um diagnóstico de síndrome de taquicardia ortostática postural (POTS).
Ele foi então diagnosticado com disautonomia secundária à infecção por SARS-CoV-2 e associada a COVID longo.
“Explicamos que a descoloração da perna se devia a acúmulo venoso e isquemia cutânea; recomendamos que ele aumente a ingestão de líquidos, aumente a ingestão de sal e faça exercícios de fortalecimento muscular”, escreveram os pesquisadores no estudo.
A disautonomia é um grupo diverso de distúrbios que afetam o sistema nervoso autônomo central ou periférico ou ambos. Outro estudo explica que a COVID-19 pode causar disfunção do sistema nervoso autônomo, provocando quadros de disautonomia que incluem “tontura, palpitações, baixa energia, dor de cabeça, comprometimento cognitivo, fadiga muscular, dor no peito, fraqueza inespecífica e sintomas gastrointestinais”, como explicado no artigo.
Sintomas mais comuns da covid longa
A covid longa leva à permanência de sintomas da covid-19, alguns deles incapacitantes, por meses após o fim da infecção pelo coronavírus, e acomete mais de 30% das pessoas infectadas. Exige um trabalho de reabilitação física importante para o retorno à qualidade de vida, e diminui condicionamento físico e desempenho esportivo. Fisioterapia e exercício físico, por sinal, auxiliam no tratamento de várias sequelas, melhoram a capacidade funcional e diminuem a mortalidade quando feitos de forma rotineira.
Até agora, os sintomas mais comumente identificados da Covid-19 incluem:
- Fadiga
- Dificuldade de locomoção
- Falta de ar
- Perda de memória
- Dificuldade de concentração
- Ansiedade
- Insônia
- Desconforto gastrointestinal
- Perda de olfato e paladar
- Queda de cabelo
- Dores de cabeça
- Em casos graves, inflamação no coração (como miocardite), problemas renais, diabetes tipo 2 e fadiga intensa, entre outros sintomas
- Dores nas articulações
- Tontura
A acrocianose se une a outros menos comuns, mas que seguem sendo estudados para que se possa entender melhor os mecanismos da covid longa e estabelecer novos protocolos de tratamento para que as pessoas possam ter qualidade de vida.
Fonte: EuAtleta