Com uma rotina agitada tentando conciliar trabalho, compromissos pessoais, familiares, tarefas do dia a dia, é muito comum nos sentirmos cansados. E em alguns dias, mesmo que você se esforce, as tarefas parecem não render, pois a sensação de exaustão é muito grande. Saiba que este sentimento de cansaço pode ser normal se você teve alguma alteração de rotina recente, como uma viagem ou noites de sono mal dormidas e até mesmo se descuidou da alimentação. Mas quando saber se a sensação de cansaço é normal ou um sinal que sua saúde precisa de atenção? Abaixo, veremos 15 motivos que podem exigir ajuda profissional, seja de médico, psicólogo, nutricionista ou professor de educação física.
De anemia a síndrome de burnout, de sedentarismo a apneia do sono, diabetes e doenças cardíacas, os motivos são variados. É importante lembrar que se sentir cansado é uma experiência muito subjetiva, por isso, não é tão simples perceber quando estamos passando do limite. A primeira coisa a é avaliar se esta sensação de fadiga está atrapalhando a execução das tarefas rotineiras.
“Quando a sensação de cansaço se prorroga por um período muito longo ou quando começa a atrapalhar algumas atividades que normalmente a pessoa “dava conta”, deve-se procurar uma ajuda. Digo ajuda (em geral) porque não necessariamente precisa ser inicialmente uma ajuda médica. Um bom profissional da área de psicologia ou educação física, por exemplo, pode perceber o quanto aquele problema necessita de ajuda médica e sinalizar isso para a pessoa”, esclarece a médica endocrinologista Patrícia Teixeira, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, e presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Patrícia também explica que é necessário buscar ajuda médica quando, juntamente com a fadiga, notamos:
- Alterações de peso, principalmente emagrecimento,
- Taquicardia e
- Alterações nas rotinas fisiológicas como evacuação, urina ou sono.
Estes fatores podem estar associados a doenças e por isso, precisam de uma investigação por parte de um médico. Confira abaixo algumas doenças que podem promover sensação de fadiga.
15 motivos para o cansaço
Teixeira explica que qualquer doença que leve a anemia, depressão, alteração do sono, desidratação ou retenção de líquido com sobrecarga cardíaca, dentre um imenso leque de doenças podem causar cansaço. Mas a médica destaca que muitas das vezes não há uma causa orgânica, ou seja, não há uma doença específica que cause o cansaço. Qualquer pessoa que não durma bem, não coma bem, que não se exercite, que não consiga praticar alguma atividade de relaxamento pode ser acometida por um cansaço extremo. E nesses casos o principal papel do médico é tranquilizar e não medicar esse paciente, o ideal é entender os fatores que envolvem a rotina da pessoa. Seguem 15 motivos:
1- Anemia
A anemia por deficiência de ferro é uma doença que ocorre devido falta deste mineral no organismo e acomete principalmente as crianças, as mulheres em idade fértil e as gestantes. O médico cardiologista e nutrólogo Edmo Atique Gabriel explica que durante a anemia, ocorre uma redução dos glóbulos vermelhos, os quais são responsáveis pelo transporte de oxigênio e nutrientes aos nossos órgãos. Por isso, há uma sensação de cansaço no corpo. Estratégias nutricionais, com mudanças na dieta e inclusive de suplementação de ferro, podem ser necessárias.
2 – Hipotireoidismo
A glândula tireoide é responsável por controlar o nosso metabolismo. Por isso, a queda na produção dos hormônios da tireoide (a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4)) afeta todo o organismo. O hipotireoidismo interfere nos batimentos cardíacos, funcionamento intestinal, humor, no ciclo menstrual e também na sensação de fadiga.
3 – Depressão
O cardiologista comenta que a condição de depressão pode estar associada ao hipotireoidismo, já que os hormônios da tireoide atuam nos sistemas noradrenérgico e serotoninérgico, que são responsáveis por secretar neurotransmissores como noradenalina e serotonina e pela regulação do humor e de outras funções do nosso cérebro.
Outro fator é que pessoas com depressão geralmente apresentam distúrbios de sono e alimentação inadequada, que podem contribuir para a sensação de desânimo e cansaço. Edmo também explica que algumas situações específicas que nos causam frustração podem diminuir os níveis de serotonina no corpo, provocando esta sensação.
4 – Doenças autoimunes
As doenças autoimunes acontecem quando nosso sistema imunológico produz anticorpos contra ele mesmo. Os tipos mais comuns são artrite reumatóide, lúpus, doença celíaca, esclerose múltipla e diabetes tipo 1. Edmo Gabriel ressalta que não existe uma causa específica para isto, pode ser genético em boa parte dos casos e mesmo que os sintomas variem de acordo com cada doença, a fadiga é comum em todos eles.
5 – Diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 é uma doença metabólica crônica em que ocorre uma grande concentração de glicose no sangue, chamada hiperglicemia. A doença se desenvolve devido à baixa produção de insulina pelas células pancreáticas e pela resistência à ação do hormônio em órgãos como fígado e músculo.
Como a doença afeta os níveis de glicose no sangue, contribui para a falta de energia para o corpo realizar as funções e atividades da rotina.
6 – Apneia do Sono
Este distúrbio faz com que a respiração durante o sono seja superficial ou ocorram interrupções completas da respiração por alguns segundos ou minutos, ao longo da noite. A apneia pode estar relacionada a alterações da anatomia interna do nariz e costuma ocorrer em pessoas com sobrepeso ou obesas. O cardiologista explica que é muito recorrente que os portadores de apneia se sintam cansados, já que a qualidade do sono é afetada e também apresentem falta de fôlego, o que acaba sobrecarregando o coração.
7 – Infecções
Edmo comenta que as infecções como gripes ou resfriados e outras viroses, ou até mesmo inflamações graves, são caracterizadas pela liberação de toxinas na corrente sanguínea e tais toxinas geram este efeito de cansaço. O corpo tenta utilizar todas as energias para combater os micro-organismos, assim causando o sentimento de prostração. Além da fadiga, as infecções têm outros sintomas como febre e dores no corpo.
8 – Doenças cardíacas
O médico cardiologista ressalta que doenças cardíacos e doença de Chagas podem deteriorar a força do coração de forma gradativa, gerando cansaço. Nestes casos, o coração não tem forças suficientes para fazer uma boa contração e enviar sangue para todo o corpo, e por isso a pessoa sente uma fadiga constante.
9 – Insuficiência renal
Não é raro que casos de insuficiência renal estejam associados à anemia. Mas além disso, o acúmulo de toxinas no organismo, assim como o aumento da acidez no sangue – chamado de acidose – também podem causar cansaço.
10 – Covid longa
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a covid longa ocorre em indivíduos com histórico de infecção por SARS CoV-2, geralmente em até três meses após o início da doença e seus sintomas podem durar pelo menos dois meses ou se estender por mais de um anos. Entre os diversos sintomas relatados pelos pacientes estão a fadiga, falta de ar, palpitações, perda de memória e dificuldade de raciocínio. A covid longa pode afetar diferentes órgãos e sua duração e gravidade dependem de cada caso.
11 – Intoxicação medicamentosa
A intoxicação medicamentosa ocorre quando há a ingestão de altas doses de um medicamento ou quando é ele administrado em conjunto com outra medicação, bebida ou alimento que resulta em uma interação que causa toxicidade. Edmo comenta que os sintomas da intoxicação são vômitos, diarréia, palpitações, sonolência e tontura.
12 – Deficiência de vitaminas ou nutrientes
O cardiologista ressalta que a falta de ingestão de substâncias como vitaminas do complexo B, magnésio e potássio pode apresentar como sintoma a intensa prostração. Por isso, é importante ter uma alimentação saudável e balanceada e fazer exames com regularidade.
13 – Menopausa
A endocrinologista Patrícia Teixeira explica que o cansaço é muito comum na menopausa precoce. E esta indisposição acontece devido aos desequilíbrios hormonais e também por fatores como alteração de humor e falta de sono.
14 – Sedentarismo
O sedentarismo pode ser observado por dois diferentes aspectos. Se olhado como causa, a falta de estímulo musculares, nas articulações e no fluxo sanguíneo gera redução da capacidade cardiopulmonar e consequente cansaço mais frequente. Já se analisarmos como consequência, devemos entender que a inatividade física pode reduzir os estímulos hormonais naturais do corpo, como testosterona e noradrenalina, por exemplo, e desta forma resultar em desânimo e prostração. Além disso, o médico cardiologista também ressalta que é possível enfatizar que a inatividade física causa maior retenção de líquidos e toxinas em nosso corpo, os quais são indutores de muito cansaço e desânimo.
“Até mesmo para pacientes com doenças crônicas a prática de atividade física é um ótimo remédio para os mais diferentes sintomas. Ajuda na reabilitação cardiopulmonar, no ganho de força muscular, flexibilidade, melhora da qualidade de vida e autoestima. E o mais legal, pode “desmedicalizar”. Não existe recompensa melhor do que perceber um melhor controle do peso, da glicose e da pressão levando a uma redução progressiva nas doses dos remédios”, comenta a endocrinologista Patrícia Teixeira.
15 – Síndrome de Burnout
A síndrome de burnout é um distúrbio psíquico caracterizado por esgotamento, ansiedade e depressão. É uma reação ao estresse causado pelo trabalho, suas cobranças e a rotina. Cansaço profundo e apatia são dois dos sintomas associados à síndrome.
Fontes:
Edmo Atique Gabriel é médico especialista em Cirurgia Cardiovascular pela SBCCV, com pós-doutorado em Cirurgia Cardiovascular pela UNIFESP e membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
Patrícia Teixeira é médica endocrinologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Fonte: EuAtleta