Parque Municipal do Itapetinga – Grota Funda

O Parque Municipal da Grota Funda está localizado na Serra do Itapetinga, próximo ao pico da Pedra Grande, a uma altitude que varia de 900 a 1.300m, em uma distância aproximada de 11 km do centro de Atibaia. O parque abrange uma área de 2.410.400m – cerca de 245 hectares – de um total de aproximadamente 1.800 hectares.

Parque Municipal do Itapetinga – Grota Funda (Foto: PEA)

Não se sabe exatamente a data, a “Fazenda Grota Funda” – como era chamada – teve sua vegetação totalmente destruída por núcleos de carvoaria e posteriormente pela cultura do café. Atualmente, a vegetação secundária recobre praticamente toda a sua superfície.

A área foi adquirida pela Prefeitura em 30 de julho de 1953, conforme Lei Municipal nº 254, que declara de utilidade pública os mananciais existentes na Serra do Itapetinga para fins de desapropriação amigáel ou judicial. Em 8 de setembro de 1988, a Lei Municipal nº 2.293 cria o Parque Municipal do Itapetinga – Grota Funda.

Até hoje, a área não apresenta nenhum uso específico, a não ser o de abrigar a bacia de captação de águas para abastecimento, através de uma sede de captação e um reservatório para cloração de água, que estásob a responsabilidade e manutenção do SAAE Saneamento Ambiental – Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Atibaia.

Capela de Santo Antônio (Foto: ALESP)

Existe uma gleba interna de propriedade particular, com uma área de 294.448 m², onde encontra-se a Capela de Santo Antônio – construção de cerca de 200 anos que sedia anualmente a tradicional festa em louvor a Santo Antônio, sempre no mês de julho.

Em 6 de julho de 1983, a Legislação Estadual, através da Resolução nº 14, determina o tombamento de parte da Serra do Itapetinga – incluindo o Parque Grota Funda – e estabelece um conjunto de diretrizes para a preservação do bem tombado.

Em março de 2017, o parque foi convertido em Unidade de Conservação (UC) de proteção integral, regulamentada pela Lei n° 740/2017, conforme estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).

Parque Municipal do Itapetinga – Grota Funda (Foto: PEA)

Durante anos foram realizados estudos na área por uma equipe técnica da Unicamp (Universidade de Campinas) – coordenada pelo pesquisador Ariovaldo Antônio Giaretta, que descobriu uma espécie rara de rã-de-riacho, do gênero “Megaelosia”.

Como tese de mestrado, Giaretta desenvolveu o projeto “Diversidade e Hábitos Reprodutivos dos Leptodactílideos (Amphibia-Anura) de uma Floresta Semidecídua de Altitude no Sudeste do Brasil” – que resultou na recente descrição da espécie Megaelosia baticariana sp. nov., endêmica de Atibaia.

Outros estudos também foram realizados, identificando a região da Grota Funda como uma das mais ricas em biodiversidade do estado de São Paulo.

Parque Municipal do Itapetinga – Grota Funda (Foto: PEA)

Atualmente, existem no local cerca de 165 espécies de aves, 20 espécies de morcegos, 415 espécies diferentes de vegetação, uma rica variedade de macacos (sauás e bugios), além de inúmeros insetos e répteis. Há ainda 27 espécies de mamíferos de grande e médio porte, sendo que 23 deles são raros ou ameaçados de extinção. São frequentes rastros deixados por onças-pardas. Espécies exclusivas da região (endêmicas) também estão presentes como a rã-grande-das-corredeiras. Outro endemismo marcante é a cactácea Rypsalis spinescens, citada pelo biólogo Sérgio Meirelles, em 1996.

O parque possui vegetação formada por matas secundárias, com afloramentos rochosos de diversos tamanhos.

Devido à elevada destruição de grande parte da mata atlântica, a importância de fragmentos florestais como a do Parque do Itapetinga tem se destacado. Sua diversidade de fauna e flora é significativa.

Parque Municipal do Itapetinga – Grota Funda (Foto: PEA)

Muitos projetos ligados à natureza já foram desenvolvidos na região, como teses de mestrado e doutorado. Existem alguns projetos em andamento relacionados à Entomologia e Ornitologia. O parque conta com a ajuda desses estudos para analisar detalhadamente a situação das plantas e animais que habitam a região, a fim de reverter alguns problemas, como o isolamento da área, a especulação imobiliária e o progressivo processo de degradação, que acaba por reduzir a biodiversidade desses ambientes.

Hoje, as nascentes da Serra do Itapetinga contribuem para o abastecimento das Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) do Piracicaba/Capivari/Jundiaí e a UGRHI do Alto Tietê.

Os roteiros disponíveis para visita, com agendamento prévio e acompanhamento de monitores do parque são: Trilha do Lajeado, 2.300m, duração de 2h30 e nível de dificuldade médio; Trilha Grota Funda, 4.700m, duração de 4h30 e nível de dificuldade médio; Trilha Histórica, 3.700m, duração de 4h e Nível de Dificuldade Fácil; e Trilha Pedra Grande, 7.400m, duração de 8h30 e Nível de Dificuldade Alto. Os agendamentos podem ser feitos pelo telefone (11) 7516-3656

Histórico

A então Fazenda Grota Funda, com área total de 105 alqueires, foi adquirida por Ângelo Massoni no ano de 1939. Em suas terras haviam vários mananciais que a abasteciam na época. Em 1953, porém, sob a lei n. 254/53, seus mananciais foram declarados de utilidade pública, pois abasteciam então, não somente a Fazenda como também inúmeros bairros que próximo dali se formavam.

Relevo

O relevo de uma região está diretamente associado a sua geologia, ou seja, ao tipo de rocha. A associação de fatores climáticos e processos de erosão atuam sobre as rochas moldando-as de formas diferentes, de acordo com a sua dureza e composição química. Na região do Parque da Grota Funda, o gnaisse por ser mais antigo está a mais tempo exposto aos processos de erosão (ação dos ventos, água da chuva, rios e mudanças climáticas) e por isso possui uma forma mais plana, com pequena variação de altitude, podendo ser observado ao redor da Pedra Grande. O granito, sendo a rocha mais recente, não está erodido e por isso constitui as maiores altitudes encontradas na região.

Drenagem

Os rios que formam o sistema de drenagem de uma região, estão diretamente relacionados aos pontos de fraqueza encontrados na estrutura de uma rocha e à variações de altitudes, facilitando o escoamento das águas. A região possui várias nascentes de água de excelente qualidade, muito utilizadas no abastecimento local, que se encontram em topos de montanhas (Serra de Itapetinga). Estes córregos irão desembocar no rio Atibaia, fazendo parte da Bacia hidrográfica do Atibaia.

Geologia

A Pedra Grande é formada basicamente por dois tipos de rocha: gnaisse (mais antigo) e o granito (mais recente). O gnaisse da região é de idade Proterozóica (1.2 a 0.9 bilhões de anos), que após estar formado sofreu a intrusão de um corpo granítico que originou o Maciço de Atibaia e o Pico da Pedra Grande, com idade de aproximadamente 570 milhões de anos. Este granito surgiu associado a um conjunto de falhas, que posicionou-o e moldou-o com a orientação atual ( aproximadamente nordeste). Apresenta-se ainda uma camada de sedimentos depositadas na região, que são produtos da erosão das rochas pré-existentes (gnaisse e granito).